Título: Rotina inclui socialismo e salário de US$ 11 mil
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2005, Nacional, p. A4

O embaixador do Brasil em Cuba, Tilden Santiago, de 64 anos, é um daqueles personagens que parece ter ficado preso em algum momento da História, como uma velha fotografia amarelada. Bem-humorado, ingênuo, saxofonista amador, ele continua a ser, em 2005, um petista de primeira hora que ainda vê na Cuba do ditador Fidel Castro o modelo ideal de país a ser copiado pelo Brasil. Ex-padre, adepto da teologia da libertação, ex-jornalista e ex-deputado, Tilden se enroscou nos desvãos da própria ideologia quando defendeu o fuzilamento quase sumário de três cubanos presos quando fugiam de barco para os EUA. Para ele, Fidel "se defendia da desestabilização provocada pelos EUA". No dia seguinte tentou refazer a explicação, mas só piorou a receita. Em Cuba, Tilden está vivendo a vida que sempre sonhou, mergulhado no "socialismo real", por um lado, e tendo o conforto de um salário em torno de US$ 11 mil (R$ 28.820,00), além de mordomia completa - casa, carro, seguro-saúde e passagens. Quando alguém o cutucou, lembrando que essa vida de sonhos podia virar fumaça com críticas tão desabridas ao governo, contemporizou: "Lula não é pequeno".