Título: Parentes de mortos no Iraque prometem processar Blair
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Internacional, p. A14

A dois dias das eleições gerais, primeiro-ministro britânico é responsabilizado pelas mortes

A guerra do Iraque continua sem dar trégua ao primeiro-ministro Tony Blair, empenhado na conquista de um terceiro mandato nas eleições gerais de amanhã na Grã-Bretanha. As famílias de soldados mortos no Iraque - 87 desde o início do conflito, em março de 2003 - decidiram engrossar a campanha dos que não desejam ver Blair reeleito. Parentes das vítimas reuniram-se ontem diante de Downing Street, 10 (a residência oficial do primeiro-ministro em Londres), para entregar ao chefe do governo um memorando no qual apresentam os argumentos para levá-lo aos tribunais por ter aderido a uma guerra que "sabia de antemão ser ilegal". Ann Toward acusou Blair de ser o "responsável direto" pela morte na segunda-feira no Iraque de seu marido, soldado Anthony Wakefield. "Meus filhos teriam um pai hoje se não fossem as decisões do primeiro-ministro", lamentou ela. O veículo de Wakefield, que integrava a Brigada Mecanizada 12, foi destruído por uma mina terrestre.

Paul Bigley, irmão do refém Ken Bigley assassinado em outubro no Iraque num episódio que comoveu os britânicos, também criticou Blair. Num artigo publicado por The Independent, ele afirma que não deveria ser permitido a um homem que "adotou decisões tão desastrosas permanecer à frente do governo de um país". O irmão de Bigley foi decapitado pelos seqüestradores.