Título: Metodologia é totalmente diferente
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Vida, p. A16

Exame enterra o Provão, mas "avalia todo o sistema", diz Tarso

O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, criado no ano passado pelo Ministério da Educação para substituir o Exame Nacional de Cursos, o antigo Provão, chegou causando confusão. Em vez de avaliar os formandos de cada área todos os anos, o Enade se propõe a analisar o resultado dos estudantes através de uma amostra dos formandos e dos alunos do primeiro ano, a cada três anos. A intenção, diz o ministro da Educação, Tarso Genro, é avaliar todo o sistema, mostrando o conhecimento que o estudante agrega ao longo do curso. Outra diferença é a maneira que os conceitos são dados às instituições: no Provão ia de A a E e no Enade, de 5 a 1. Apesar dos mesmos cinco níveis, o sistema atual não determina previamente o número de cursos em cada conceito, como fazia o Provão. No antigo exame, do total de cursos 12% obrigatoriamente deveriam ser A, 18%, B, 50%, C, outros 18% D e outros 12%, E. Ou seja, não importava a média da área, sempre haveria um mesmo número em cada conceito. Com isso, um curso poderia ser A com médias de acertos inferiores a 30%.

No entanto, o ponto mais defendido pelo ministro da Educação, Tarso Genro, é o fato de o Enade ser parte de um sistema que envolve uma auto-avaliação das instituições e uma avaliação das condições de infra-estrutura do curso feitas pelo MEC. "Esse conjunto é que dará o conceito final do curso", afirmou Tarso. Na verdade, nenhuma das duas avaliações é nova. Já existiam no governo anterior, apesar de a auto-avaliação não entrar no conceito final.

CRÍTICAS

"Estou morrendo de rir", disse o ex-ministro Paulo Renato Souza, ao analisar os resultados do Enade. Segundo ele, o PT sempre o criticou por apresentar conceitos relativos e agora faz o mesmo. Ele também lembra que o partido, durante sua gestão, insistia em que era preciso divulgar um conceito geral da avaliação do ensino superior e não apenas a nota do aluno, como fazia o Provão, mas continua fazendo da mesma maneira.

"Além disso, eles misturaram tudo, não fica claro se a faculdade tem uma nota boa porque o aluno já era bom ou porque a instituição o melhorou durante o curso", completou. "Estão confundindo a sociedade."

O ex-ministro também acredita que não se pode comparar os desempenhos dos alunos ingressantes e dos concluintes em um mesmo ano, como fez o Enade, mostrando médias semelhantes na prova de conhecimentos gerais. "Provavelmente há uma mudança de perfil dos estudantes. O certo seria comparar os que estão concluindo a faculdade com as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio, que avalia os que terminam a escola) de quatro anos atrás." e Renata Cafardo