Título: Aumenta número de infectados pela malária no País
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Vida, p. A17

Segundo a OMS, casos subiram de 349,8 mil, em 2002, para 379,5 mil, em 2003

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta para o aumento de casos de malária no Brasil e critica a instabilidade no orçamento destinado ao combate à doença nos últimos anos. Em seu mais completo relatório publicado sobre a situação da doença no mundo, a agência de saúde da ONU alerta que o número de casos de pessoas infectadas pela malária passou de 349,8 mil, em 2002, para 379,5 mil, em 2003. "O governo precisa contar com um orçamento estável para o combate à malária. Trata-se de um processo de longo prazo", afirmou Allan Shapira, coordenador do programa da OMS contra a doença. Segundo a organização, a malária ainda causa 1 milhão de mortes por ano em todo o mundo, 80% delas na África. Entre 350 milhões e 500 milhões de pessoas estariam infectadas pela doença em 2003 e 3,2 bilhões de pessoas vivem em áreas de risco. Entre as metas estabelecidas pela ONU até 2010 está a redução pela metade do número de mortos em decorrência da malária. Para a OMS, esse objetivo ainda pode ser atingido, principalmente diante da descoberta de novos medicamentos. O problema é que se necessita de US$ 3,2 bilhões por ano para lidar com a malária nos 82 países afetados. Hoje, os fundos chegam a somente US$ 600 milhões.

No caso do Brasil, Shapira aponta que o País fez "importantes progressos" no final dos anos 90, com resultados observados nos primeiros anos da atual década. Entre 2000 e 2001, por exemplo, o número de casos de malária caiu de 610 mil para 380 mil. O número de cidades afetadas ainda passou de 160 em 1999 para 76 em 2002. Foi verificado uma redução de 69% no número de internações e 36% de queda nas mortes em hospitais.

Mas, nos últimos anos, a OMS alerta que outros governos da região têm feito mais que o Brasil. Em 2002, o País ainda é responsável por 40% dos casos de malária nas Américas. Para a OMS, o problema é garantir verbas no Brasil. "A falta de recursos, assim como a fragilidade técnica e administrativa nos níveis locais e a pouca informação para guiar as atividades, limitam a cobertura de intervenções efetivas para controlar a doença", afirma a OMS.