Título: Ele pode ser papa.E todos foram pedir sua bênção
Autor: José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2005, Vida&, p. A10

Mais de 500 pessoas assistiram, ontem de manhã, à missa que o cardeal brasileiro d. Geraldo Majella Agnelo, de Salvador, celebrou na paróquia de São Gregório Magno, no bairro de Magliana, na periferia de Roma, cantando músicas em português e aplaudindo a memória de João Paulo II, cada vez que seu nome era citado. Titular ou patrono da São Gregório Magno, conforme a tradição de cada cardeal receber uma igreja em Roma, pela qual se torna responsável, d. Geraldo ganhou da comunidade uma casula (peça principal dos paramentos litúrgicos), com os votos do pároco, padre Giovanni Davoli, de que ela "possa vir a ser usada pelo futuro papa". Muitos dos paroquianos nem sabiam quem era o cardeal, mas, após essas palavras, aglomeram-se em torno dele para pedir a bênção. Foram 15 minutos de abraços. Caterina Campiano, de 8 anos, que se prepara para a primeira comunhão, foi beijar-lhe a mão, quando a catequista disse que ele poderia ser papa.

Ao ver que duas moças ajudavam no altar, ao lado de três padres e dois acólitos, d. Geraldo - que foi secretário da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Administração dos Sacramentos na Cúria Romana - citou uma conversa com João Paulo II sobre o papel da mulher na Igreja.

Numa ocasião que lhe disseram que não havia função para a mulher no altar, João Paulo II, segundo o cardeal, lembrou o que mães e avós fizeram na Rússia, durante os 70 anos de regime comunista, para manter viva a fé cristã. Como não havia sacerdotes, as mulheres faziam celebrações eucarísticas, que seguiam o rito da missa, embora sem a consagração do pão e do vinho. Num domingo de chuva em Roma, d. Geraldo cumpriu mais dois compromissos pastorais, antes de ir à Casa de Santa Marta.