Título: Reitor de Cracóvia aposta na eleição de um brasileiro
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2005, Vida&, p. A12

"João Paulo II esteve muito próximo da nacionalidade brasileira. Lembro-me que ele disse, quando esteve no Rio, que era carioca." A afirmação é do reitor Franciszek Ziejka, da Universidade Jagiellonski de Cracóvia, a sexta mais antiga do mundo e a instituição onde Karol Wojtyla cursou a faculdade, fez doutorado e obteve o título de pós-doutorado. O reitor, em entrevista exclusiva para o Estado, aposta na eleição de um papa brasileiro. "A Igreja Católica, para continuar grande como João Paulo II deixou, vai precisar de um papa muito próximo da Polônia e também do Brasil. Vai precisar da nação mais fervorosa e a de maior em número de fiéis."

Ziejka relembra a última visita do ex-aluno Wojtyla: "A última vez que nosso aluno esteve na Polônia, veio aqui conversar com gente. Com os professores, funcionários e alunos." O reitor fala isso como se tivesse sido ontem a visita, embora já se tenham passado mais de três anos. Foi quando João Paulo II esteve em Cracóvia para canonizar a fundadora da universidade, a rainha Jadwiga, ou Santa Edvirges, para os brasileiros.

Na ocasião, agosto de 2002, o mundo viu a maior concentração de católicos na Polônia: 4 milhões de pessoas em Cracóvia se reuniram para ouvir o papa.

Para o reitor da Universidade Jagiellonski, o papa João Paulo II representa um grupo de expoentes da segunda mais antiga universidade do Leste Europeu. Grupo do qual fazem parte Nicolau Copérnico, o poeta Czeslaw Milosc (Nobel de Literatura), a poetisa Wislawa Szymborska (Nobel de Literatura) e o cineasta Andrzej Wajda (Oscar honorífico), entre outros.

De pois das Universidades de Bolonha, Oxford, Cambridge, Paris, Praga e Jagiellonska, pela ordem, a Universidade Jagiellonska é a mais antiga do mundo. Foi fundada, em 1364, durante o reinado de Casimiro Jagiello. Entretanto, só começou a funcionar a partir do ano seguinte com três faculdades (Artes, Medicina e Direito).

Isso porque o papa Urbano V não deu permissão para que funcionasse também ali a Faculdade de Teologia. Não sabia ele que centenas de anos mais tarde um de seus sucessores seria aluno dessa escola. Mas foi a contribuição da jovem rainha Jadwiga que tornou possível a continuidade da instuição.

Ziejka diz que além de João Paulo II ter sido o pastor de milhões de católicos, o Senhor da paz, além de tudo que ele possa ter sido e é, ele foi uma pessoa muito próxima da universidade e por isso a instuição está em estado de luto permanente. "João Paulo II, Karol Wojtyla, talvez seja o maior lamento da longa história desta universidade."