Título: Dólar rompe a barreira psicológica dos R$ 2,50
Autor: Patrícia Campos Mello e Ricardo Leopoldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Economia, p. B3

Moeda americana fecha em R$ 2,493, a cotação mais baixa em 3 anos. Analistas prevêem mais quedas

O dólar rompeu ontem a barreira psicológica dos R$ 2,50 e fechou em R$ 2,493, a cotação mais baixa em 3 anos. A moeda americana acumula queda de 6,07% no ano e de 16,34% nos últimos 12 meses. "Não há limites para a queda do dólar, a não ser que o Banco Central volte a intervir no mercado", diz Luís Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria Banco de Negócios. Segundo economistas, o real vem se valorizando por três motivos: forte fluxo de dólares por causa dos elevados superávits comerciais, ausência do BC no mercado e entrada de capitais especulativos, em busca dos altos juros brasileiros. Para Lopes, o principal combustível para a queda do dólar é o fluxo positivo da balança comercial, que tem ficado entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões ao mês. O fluxo financeiro, negativo, que computa a saída de dólares com remessa de lucros e pagamentos de juros, tem ficado em US$ 1,5 bilhão ao mês - bem abaixo, portanto. "Antes, o BC entrava comprando dólares no mercado e equilibrava a situação. Mas agora parou de fazer isso", diz Lopes.

Além disso, os agentes financeiros vêm apostando que o dólar vai continuar caindo e mantendo sua posição "vendida" na moeda americana. "É um alinhamento dos planetas - fluxo comercial forte, ausência do BC e posição 'vendida' em dólar dos agentes financeiros", explica.

Para Lopes, a entrada líquida de capitais especulativos, que entram para fazer arbitragem de juros (ganham sobre o diferencial dos juros dos Estados Unidos, muito baixos, e dos brasileiros), tem papel secundário. "Esse fluxo de capitais financeiros especulativos tem ficado em cerca de US$ 250 milhões".

O comunicado do Fed, o banco central dos EUA, divulgado ao fim da reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), também colaborou. A ata, segundo analistas, não sinaliza para uma política mais agressiva de elevação de juros nos EUA. "Com isso, parece que o mercado de títulos americanos vai continuar pouco atraente, e os investidores vão manter sua busca por retornos nos mercados emergentes", diz Alex Agostini, economista da GRC Visão. Além disso, não há sinal de que os juros brasileiros vão cair no curto prazo. "A expectativa é que o dólar mantenha-se na cotação de R$ 2,50 ou tenha uma queda ainda maior", diz Agostini. A última vez em que o dólar fechou abaixo de R$ 2,50 foi no dia 21 de maio de 2002, quando a moeda americana fechou cotada a R$ 2,483.

Por enquanto, a valorização do real ainda não afetou os resultados da balança comercial. Em abril, as exportações subiram 39%, na comparação com o mesmo mês em 2004. Mas especialistas alertam para os possíveis danos do dólar baixo. Segundo o professor de Economia Internacional da PUC-SP Antônio Correa de Lacerda, o câmbio valorizado, no patamar de R$ 2,50, vai causar problemas estruturais às exportações, o que já seria sentido no segundo semestre. Para Lacerda, em alguns meses vários setores, como o de automóveis, autopeças e máquinas, poderão apresentar uma fadiga no fôlego das vendas externas, reflexo do movimento de valorização do câmbio. "Indústrias grandes, do porte da Fiat, Volks e Voith Siemens, já informaram que o atual patamar do real ante o dólar traz dificuldades para suas exportações", observa. Moeda americana fecha em R$ 2,493, a cotação mais baixa em 3 anos. Analistas prevêem mais quedas POLÍTICA CAMBIAL Patrícia Campos Mello

Colaborou Ricardo Leopoldo O dólar rompeu ontem a barreira psicológica dos R$ 2,50 e fechou em R$ 2,493, a cotação mais baixa em 3 anos. A moeda americana acumula queda de 6,07% no ano e de 16,34% nos últimos 12 meses. "Não há limites para a queda do dólar, a não ser que o Banco Central volte a intervir no mercado", diz Luís Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria Banco de Negócios.

Segundo economistas, o real vem se valorizando por três motivos: forte fluxo de dólares por causa dos elevados superávits comerciais, ausência do BC no mercado e entrada de capitais especulativos, em busca dos altos juros brasileiros. Para Lopes, o principal combustível para a queda do dólar é o fluxo positivo da balança comercial, que tem ficado entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões ao mês. O fluxo financeiro, negativo, que computa a saída de dólares com remessa de lucros e pagamentos de juros, tem ficado em US$ 1,5 bilhão ao mês - bem abaixo, portanto. "Antes, o BC entrava comprando dólares no mercado e equilibrava a situação. Mas agora parou de fazer isso", diz Lopes.

Além disso, os agentes financeiros vêm apostando que o dólar vai continuar caindo e mantendo sua posição "vendida" na moeda americana. "É um alinhamento dos planetas - fluxo comercial forte, ausência do BC e posição 'vendida' em dólar dos agentes financeiros", explica.

Para Lopes, a entrada líquida de capitais especulativos, que entram para fazer arbitragem de juros (ganham sobre o diferencial dos juros dos Estados Unidos, muito baixos, e dos brasileiros), tem papel secundário. "Esse fluxo de capitais financeiros especulativos tem ficado em cerca de US$ 250 milhões".

O comunicado do Fed, o banco central dos EUA, divulgado ao fim da reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), também colaborou. A ata, segundo analistas, não sinaliza para uma política mais agressiva de elevação de juros nos EUA. "Com isso, parece que o mercado de títulos americanos vai continuar pouco atraente, e os investidores vão manter sua busca por retornos nos mercados emergentes", diz Alex Agostini, economista da GRC Visão. Além disso, não há sinal de que os juros brasileiros vão cair no curto prazo. "A expectativa é que o dólar mantenha-se na cotação de R$ 2,50 ou tenha uma queda ainda maior", diz Agostini. A última vez em que o dólar fechou abaixo de R$ 2,50 foi no dia 21 de maio de 2002, quando a moeda americana fechou cotada a R$ 2,483.

Por enquanto, a valorização do real ainda não afetou os resultados da balança comercial. Em abril, as exportações subiram 39%, na comparação com o mesmo mês em 2004. Mas especialistas alertam para os possíveis danos do dólar baixo. Segundo o professor de Economia Internacional da PUC-SP Antônio Correa de Lacerda, o câmbio valorizado, no patamar de R$ 2,50, vai causar problemas estruturais às exportações, o que já seria sentido no segundo semestre. Para Lacerda, em alguns meses vários setores, como o de automóveis, autopeças e máquinas, poderão apresentar uma fadiga no fôlego das vendas externas, reflexo do movimento de valorização do câmbio. "Indústrias grandes, do porte da Fiat, Volks e Voith Siemens, já informaram que o atual patamar do real ante o dólar traz dificuldades para suas exportações", observa.