Título: Emprego na indústria cresce 0,45%
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Economia, p. B4

Foram abertos 8.716 postos no Estado de São Paulo em março. Aumento do nível de emprego está estabilizado desde outubro

O nível de emprego na indústria paulista cresceu 0,45% em março ante fevereiro, melhor desempenho desde setembro passado, quando a alta foi de 0,65%. Em outubro de 2004, o aumento também foi de 0,45% sobre o mês anterior. No período acumulado de abril de 2004 a março de 2005, o emprego paulista teve um incremento de 4,94%, embora a produção industrial se mantenha estagnada. Segundo o diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof, o acumulado em 12 meses mostra que o crescimento do nível de emprego na indústria do Estado se mantém desde outubro ao redor de 5% ao ano. "Não estamos mais registrando aumentos vigorosos. Parece que estabilizamos na faixa dos 5%, mas não podemos dizer que este patamar se manterá nos próximos meses", disse.

O empresário ressaltou que, apesar da manutenção do crescimento do emprego paulista nos três primeiros meses do ano (0,36% em fevereiro/janeiro e 0,41% em janeiro/dezembro 2004), "há uma certa ansiedade entre os empresários, motivada pelas incertezas sobre o comportamento dos mercados interno e externo nos próximos meses." O comportamento do emprego industrial em março foi resultado da continuidade do crescimento das vendas externas e dos programas de crédito ao consumo.

Tabacof disse que a indústria paulista teme a desaceleração das compras de manufaturados pelos Estados Unidos e os efeitos mais profundos da política macroeconômica brasileira, com a manutenção da alta dos juros e do real valorizado.

O nível de emprego apurado pelo Ciesp tem como base as informações de 1,8 mil empresas do Estado ligadas às cerca de 40 diretorias regionais da entidade. Por esse critério, a região de Araçatuba registrou o maior crescimento no número de postos criados em março, com 3,79%.

O motivo para a contratação de 1,208 mil empregados no mês passado na regional foi o aumento da atividade na indústria sucroalcooleira, que sempre se aquece em períodos de safra. Em todo o Estado, foram criados 8.716 postos em março. Nos três primeiros meses do ano, foram 23.544 mil novas vagas.

EXPORTAÇÕES

A alta dos preços internacionais das commodities está compensando os efeitos negativos do câmbio valorizado sobre as exportações paulistas, avaliou Tabacof. "Aço, celulose, café, açúcar e minério de ferro, por exemplo, continuam subindo." E exemplificou com um dado do setor em que atua: "O preço da celulose está em um patamar de US$ 620 a tonelada ante a média de US$ 560 em 2004".

Apesar dessa compensação, os números do comércio exterior compilados pelo Ciesp mostram uma tendência de redução do crescimento. As exportações de produtos industrializados do Estado de São Paulo cresceram 34% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2004 - número bem inferior ao registrado na comparação janeiro-fevereiro de 2005/janeiro-fevereiro de 2004, quando o aumento foi de 44,4%.

Também houve desaceleração nas vendas externas da indústria paulista na comparação entre março de 2005/março de 2004, com alta de 19,6%, e fevereiro de 2005/fevereiro de 2004, crescimento de 44,3%. Na base de comparação mensal, as exportações de março tiveram incremento de 17% ante fevereiro, e as vendas externas de fevereiro cresceram 4,5% em relação a janeiro.

"Já vemos os primeiros sinais de desaceleração das vendas externas. Acreditamos que as empresas estrangeiras que usam o Brasil como plataforma de exportações não vão aceitar a manutenção do câmbio no atual patamar e reduzirão a produção", disse o diretor do Ciesp, indicando a possibilidade de corte de empregos nos próximos meses como conseqüência da diminuição da velocidade de alta das exportações.