Título: Bolsa segue o Fed e sobe 0,04%
Autor: Mario Rocha e André Palhano
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Economia, p. B11

Acréscimo de fase tranqüilizadora na ata do BC americano teve efeito positivo; risco país cai 2,65%

Depois de operar "de lado" até o início da tarde, a Bolsa paulista passou a registrar forte volatilidade com a divulgação da ata da reunião do Fed, que elevou o juro básico americano em 0,25 ponto porcentual (ver página B9) e acabou fechando em ligeira alta de 0,04%, com fraco volume de negócios. O risco país caiu 2,65%, para 441 pontos, o C-Bond ganhou 0,22%, vendido com ágio de 0,688%, e o dólar paralelo avançou 0,22%, para R$ 2,793, apesar da queda do comercial para menos de R$ 2,50 (ver página B3). Com o resultado de ontem, a Bovespa acumula queda de 0,51% em maio e de 5,65% em 2005. O volume financeiro foi novamente frágil, R$ 1,040 bilhão.

Embora a decisão do Fed fosse amplamente esperada, um trecho da ata da reunião, dizendo que o repasse de preços é mais evidente prejudicou as Bolsas americanas, e a Bovespa acompanhou. Logo depois, elas voltaram ao campo positivo, e a Bolsa paulista também.

No finalzinho do pregão, quanto todos esperavam uma queda, o Fed surpreendeu o mercado ao corrigir a ata, indicando que esta frase havia sido omitida do documento original: "As expectativas de inflação no prazo mais longo continuam bem contidas". Aí, as coisas mudaram.

"Parece que o Fed não gostou de ver os mercados voláteis e resolveu dar uma mãozinha", ironizou um operador. E completou: "Se uma coisa dessas acontecesse no Brasil, o que iriam dizer? No mínimo, que o BC estava manipulando o mercado".

Entre as 53 ações que compõem o Índice Bovespa, as maiores altas foram de Brasil Telecom PN (6,22%), Brasil Telecom Participações ON (5,84%) e Brasil Telecom Participações PN (5,03%). As maiores quedas foram registradas por Light ON (6,59%), Eletrobrás ON (4,81%) e Tele Leste Celular PN (4,76%).

O mercado de juros "tirou a trava" após a alta do juro básico americano. Todos os contratos com vencimento a partir de janeiro de 2006 projetaram queda. Só a parte mais curta da curva fechou o dia na contramão: o contrato de junho fechou estável, projetando taxa de 19,53% ao ano, e o de julho registrou pequena alta, de 19,62% para 19,63%.

Já os contratos com vencimento em janeiro de 2006, os mais líquidos, recuaram de 19,57% na véspera para 19,51% ao ano.