Título: 'O presidente perdeu a coragem, afinou'
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2005, Nacional, p. A4

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, fez duras críticas ao governo federal na tarde de ontem, alegando que o presidente Lula "perdeu a coragem" e deixou de representar os interesses sindicais. Na manifestação contra o aumento da taxa de juros organizada pela Força em São Paulo, Paulinho disse que Lula "afinou" após assumir o governo. "O governo tem de ter coragem. O presidente Lula tinha tanta coragem quando era sindicalista, mas quando foi para o governo, afinou", afirmou o presidente da Força Sindical. "Nós precisamos de um presidente que tenha coragem de dizer aos banqueiros internacionais que não dá para pagar R$ 150 bilhões por ano. Cadê o Lula que nós conhecemos no ABC? Ele foi para lá (o governo) e mudou de lado."

Ainda segundo o sindicalista, o "presidente estaria cercado de picaretas". "O Lula imagina que resolveu todos os problemas do Brasil, que não tem mais fome, que não tem mais salário baixo, que tem emprego à vontade. Eu acho que ele se cercou de tantos picaretas em volta que continua falando esse tipo de coisa. Se ele conseguisse sair do cerco de malandros e viesse para a rua, iria ver que o povo brasileiro está muito decepcionado com ele."

COBRANÇAS

Em Brasília, no 16.º Congresso da Organização Regional Interamericana de Trabalhadores, Lula ouviu elogios e críticas às reformas sindical e trabalhista e queixas contra as altas taxas de juros.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, cobrou ontem do presidente a promessa, feita no início do ano, de montar uma política de recuperação gradual do salário mínimo. Luiz Marinho elogiou a decisão de elevar o mínimo para R$ 300 mas ressaltou que " só isso não é suficiente".

O presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Antônio Carlos Salim, elogiou a figura do presidente, trabalhador e sindicalista, "embora isso não signifique que estejamos satisfeitos porque há muito a ser feito". O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, lembrou que Lula foi eleito para promover mudanças sociais. "Mas não podemos manter essa taxa de juros."