Título: Kirchner confirma que irá a cúpula em Brasília
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2005, Nacional, p. A6

O chanceler argentino Rafael Bielsa disse ontem que o presidente Néstor Kirchner participará da reunião de cúpula de chefes de Estado da América do Sul e países árabes, daqui a três semanas em Brasília. "Nunca houve dúvida sobre sua presença em Brasília." No entanto, ressaltou, até lá podem surgir imprevistos que dificultem a viagem ao Brasil. O presidente Kirchner é conhecido por sua aversão a cúpulas presidenciais. Desde que tomou posse, há quase dois anos, faltou a diversas reuniões desse gênero, mesmo quando sua presença havia sido confirmada.

O chanceler Bielsa e o vice-chanceler Jorge Taiana participaram ontem de uma coletiva com os correspondentes estrangeiros. Além da viagem de Kirchner ao Brasil, falaram também sobre a divergência de Brasil e Argentina em relação ao Conselho de Segurança da ONU. "O governo da Argentina diverge do Brasil sobre o formato do Conselho de Segurança desde que a ONU surgiu, há 60 anos", disse Jorge Taiana.

Enquanto os sucessivos governos brasileiros tradicionalmente defenderam a ampliação do Conselho de forma a permitir a entrada de novos membros permanentes, as administrações argentinas pregaram a necessidade de que as novas vagas fossem ocupadas de forma rotativa e temporária.

Segundo o vice-chanceler, as diferenças sobre o posto no Conselho "não afetam o Mercosul, já que as divergências são anteriores à própria criação do bloco". O governo argentino considera que, nos últimos anos, as posições mantiveram-se iguais. Portanto, não existe um "agravamento" das divergências.

O chanceler Bielsa sustentou que tampouco existem divergências profundas sobre o ritmo de integração que deveria ter a recém-criada Comunidade Sul-Americana de Nações, que reuniu - de forma política - sob a mesma égide os países do Mercosul, a Comunidade Andina e as Guianas.

Bielsa também relativizou eventuais problemas na relação com o Brasil por causa do apoio à candidatura do uruguaio Pérez del Castillo à presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo argentino decidiu não aceitar a candidatura do brasileiro Luiz Felipe Seixas Correa porque a candidatura uruguaia havia sido anunciada "oito meses antes e a Argentina já estava comprometida com esse respaldo".