Título: Pesquisa com células tronco tem baixa adesão
Autor: Karine Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2005, Vida &, p. A15

O número de inscritos no maior estudo do mundo com células-tronco adultas para tratamento de cardiopatias, projetado para 1.200 pacientes, foi 30% menor do que o esperado pela coordenação do projeto. O Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras (INCL) esperava 4 mil inscritos, com base no número de pacientes presentes nas unidades participantes, mas apenas 2.761 entraram em contato pelo site da instituição. Para o cardiologista do INCL Bernardo Rangel Tura, a falta de informação pode ter contribuído para o menor número de candidatos. Amapá, Tocantins, Roraima e Rondônia, por exemplo, tiveram apenas uma inscrição cada um, enquanto o Rio lidera a lista, com 850 inscritos, seguido por São Paulo, com 554. "Tenho certeza de que em vários Estados houve falta de informação. No Espírito Santo, havia sete inscritos. Um dia após a publicação de uma matéria em um jornal local, mais 20 pessoas nos procuraram."

Das quatro doenças contempladas no estudo, a procura maior foi para cardiomiopatia dilatada (aumento no tamanho do coração): 739. Segundo Tura, a liderança se deve ao grande número de centros de excelência no Brasil que tratam do problema. "Como há muita gente de qualidade acompanhando os pacientes, é bem mais fácil localizar as pessoas que se encaixam no estudo", explica o cardiologista. Há várias doenças associadas à cardiomiopatia dilatada, como hipertensão, diabete, alcoolismo e até desnutrição.

A doença isquêmica do coração recebeu o segundo maior número de inscritos (661), seguido de enfarte agudo do miocárdio (647) e cardiopatia chagásica (334), além de 380 que não informaram a doença.

Apesar do número de inscritos abaixo do esperado, Tura avalia que o estudo não sofrerá prejuízos, pois há outros pacientes internados nos cerca de 40 hospitais credenciados para o estudo que também se encaixam no perfil procurado. "A idéia da inscrição foi dar chance a uma pessoa que não estava no hospital de referência se inscrever também. Além disso, é uma forma de melhorar a qualidade do estudo, pois, aumentando a variedade de pacientes, fazemos com que o projeto represente ao máximo a população brasileira."