Título: Ex-líder ficará inicialmente em casa do Exército em Brasília
Autor: Lourival Sant'Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2005, Internacional, p. A7

O coronel da reserva Lucio Gutiérrez será trazido para o exílio no Brasil por um Boeing 737 da Presidência da República. O ex-presidente equatoriano e sua família desembarcarão na Base Aérea de Brasília e deverão ficar hospedados, inicialmente, numa casa do Exército na capital federal. A autorização para seu asilo territorial no Brasil, que geralmente parte do Ministério da Justiça, foi dada ontem pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por volta das 15 horas de ontem, a tripulação do Boieng 737 da Presidência, conhecido como Sucatinha, recebeu ordem para iniciar a missão de trazer o ex-líder e decolou de Brasília. Na primeira etapa, foi até Rio Branco (AC). Lá, a tripulação esperava a concessão, pelo novo governo equatoriano, de um salvo-conduto para que Gutiérrez - abrigado desde quarta-feira na residência do embaixador brasileiro em Quito, Sérgio Florêncio - fosse em segurança até a base aérea local. Só então o Boeing decolaria de Rio Branco.

Segundo o Itamaraty, o envio de um avião presidencial se deveu ao fato de as fronteiras terrestres e aéreas do Equador estarem fechadas.

A segurança de Gutiérrez é o tema mais delicado dessa missão. O embaixador Florêncio afirmou que manifestantes protestaram diante de sua residência até a meia-noite de quarta-feira, o que o levou a pedir proteção reforçada da polícia. Na manhã de ontem, os protestos foram retomados, com maior intensidade, e prosseguiram até a noite.

O salvo-conduto permitiria a ida de Gutiérrez, de sua mulher, a deputada Ximena Bohórquez e de suas filhas Karina Ximena (de 20 anos) e Viviana Estefánia (de 15 anos) à base aérea com proteção policial. As três passaram o dia na casa da família.

Na noite de ontem, Gutiérrez solicitou o asilo territorial ao Brasil, ou seja, permissão para residir no País por um período de dois anos, que pode ser renovado quantas vezes forem necessárias. Entre as exigências feitas pelo governo brasileiro estão as de que ele se mantenha distante das atividades políticas e se apresente regularmente à Polícia Federal - as mesmas feitas aos ex-presidentes paraguaios Alfredo Stroessner e Raúl Cubas, também asilados no Brasil.

Florêncio disse que Gutiérrez escolheu o Brasil porque o País mantém excelentes relações com o Equador e contribuiu para o fim do seu conflito com o Peru, em 1994.