Título: Alerta de Greenspan derruba cotação do dólar
Autor: Dow Jones Newswires e Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2005, Economia, p. B6

NOVA YORK - As declarações de quinta-feira do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Alan Greenspan, sobre os riscos causados pelos déficits dos Estados Unidos e seus apelos para a China valorizar sua moeda estão pressionando o dólar. Ontem, ele caiu para o menor nível em quatro semanas em comparação ao iene e foi para 106,01 ienes. Em relação ao euro, o dólar também recuou e a moeda européia foi cotada a US$ 1,3070. Na véspera, ela estava a US$ 1,3051. Segundo analistas, os investidores têm a percepção de que a economia americana está começando a perder força e de que Pequim vai desvalorizar o yuan em breve. "A China é o assunto do dia e há especulações de vão valorizar sua moeda mais rápido do que se imagina", disse o estrategista-chefe da Alaron Foreign Exchange, Bill Hoeter.

Os especialistas afirmam que a desvalorização do dólar só não foi maior porque um diretor do Fed, Donald Kohn, afirmou ontem que o o foco da autoridade monetária ainda é a inflação, indicando que a economia americana ainda está crescendo.

Numa palestra, Kohn disse que Fed não deverá acelerar o ritmo de elevações da taxa básica de juros por enquanto, argumentando que a inflação será moderada este ano, "a menos que haja mais aumentos substanciais" dos preços do petróleo. Ele reconheceu que os preços crescentes de energia "prejudicaram a confiança e os gastos do consumidor recentemente" e impulsionaram alguns índices importantes de inflação. Mesmo assim, disse ele, "o estado geral da economia é favorável" e as expectativas de longo prazo para a inflação continuam estáveis.

Sob essas circunstâncias, disse Kohn, o Fed vai persistir em sua campanha de elevar a taxa básica em 0,25 ponto porcentual. Nas últimas sete reuniões, o Fed elevou a taxa e espera-se que fará o mesmo na próxima, em 3 de maio, para 3%. "Ainda não terminamos nossa tarefa."

Ele também deixou claro que o Fed vai atuar decisivamente se vir a inflação saindo do controle. "Não devemos hesitar em elevar as taxas de juros para conter as pressões inflacionárias", mesmo que isso signifique elevar os encargos do serviço da dívida.

Ele sugeriu, entretanto, que não há no momento motivo para que o Fed mude de tática, pois sua medida preferida de inflação, o índice de preços dos gastos com consumo (PCE), excluindo alimentos e energia, "flutuou em torno de 1,5% nos últimos anos", dentro da faixa desejável de 1% a 2%.