Título: Em dia fraco, dólar e bolsa desabam
Autor: Josué Leonel e Mario Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2005, Economia, p. B9

Tirando o câmbio, o saldo da sexta-feira de poucos negócios, espremida entre o feriado e o fim de semana, foi negativo para os mercados. Os juros futuros subiram no ajuste à alta da Selic em 0,25 ponto percentual, que também repercutiu no câmbio, acentuando a trajetória de queda do dólar. Em um dia de liquidez reduzida, o dólar fechou em queda expressiva, de 0,98%, a R$ 2,537, e chegou à cotação mais baixa desde 31 de maio de 2002. A bolsa fechou em baixa, acompanhando o mercado externo, que piorou com a queda das bolsas de Nova York - Dow Jones recuou 0,60% e o Nasdaq caiu 1,54% - e com a alta do petróleo, que voltou a ficar acima dos US$ 55 (ver na página 6). O Ibovespa caiu 1,18%, e fechou com 24.767 pontos. Com o resultado de ontem, a bolsa paulista acumula quedas de 6,93% em abril e de 5,46% no ano. O movimento financeiro ficou em apenas R$ 704,730 milhões. No fim da tarde, os juros dos T-Bonds de 10 anos recuavam para 4,25% e o risco Brasil avançava 12 pontos, para 449 pontos.

O mercado de juros fez um ajuste de alta em reação à decisão do Banco Central de elevar a Selic. O ajuste foi mais forte nas taxas mais curtas, com prazo de até um ano. À tarde, a alta das projeções de juro se acentuou com a piora dos mercados externos.

No feriado de Tiradentes, quando os mercados não abriram no Brasil, as bolsas em Wall Street tiverem suas maiores altas dos últimos dois anos. O mercado americano foi embalado pelos ótimos resultados trimestrais de empresas como Nokia e Motorola. Ontem, o mercado doméstico iniciou o dia corrigindo seus preços em relação a Nova York, sem dar muita atenção à alta da Selic. Ao longo do dia, no entanto, a bolsa paulista foi perdendo força.

O mercado deve acompanhar com a atenção a ata do Copom que sai na próxima semana, mas, a não ser que haja uma melhora nos indicadores de inflação e no cenário externo, dificilmente os investidores deixarão a defensiva.

A atenção também será redobrada com os próximos indicadores de preços, como o IPCA-15, que sai na quarta-feira. Qualquer sinal de resistência da inflação, sobretudo em seus núcleos, poderá abalar a esperança de interrupção da alta da Selic, sobretudo se o quadro externo não melhorar. A evolução das expectativas também será crucial. A pesquisa Focus de segunda-feira deve trazer mais uma rodada de elevação das projeções para o IPCA de 2005.