Título: Pont sai em defesa de PT mais independente
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2005, Nacional, p. A8

Com o discurso de que o PT não se limita a partido do governo e, por isso, precisa ser mais autônomo, propositivo e crítico em relação ao administração de Luiz Inácio Lula da Silva, a Democracia Socialista (DS), principal tendência de esquerda da sigla, lançou no início da tarde de ontem o deputado gaúcho Raul Pont como candidato à presidência do partido. "Precisamos encontrar um espaço correto entre dar sustentação ao governo Lula e, ao mesmo tempo, estar à frente, debatendo com a sociedade. Temos um equilíbrio a ser buscado", afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.

No encontro, que reuniu cerca de 200 pessoas em um hotel de São Paulo, a principal ausência foi a da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, que até o início da tarde não havia participado de nenhuma plenária. As discussões do grupo sobre o partido encerram hoje.

O lançamento da candidatura Pont, na avaliação de Rossetto, não pode ser interpretado como um gesto de oposição ao governo.

Na semana passada, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, fez um apelo às correntes do partido para que houvesse unidade em torno da candidatura do atual presidente da sigla e candidato à reeleição, José Genoino. O pedido foi ignorado até mesmo pelo Movimento PT, do centro, que vinha, até então, atuando em sintonia com o campo majoritário, de Genoino e Dirceu.

No domingo passado, o Movimento PT lançou a deputada Maria do Rosário (RS) como candidata ao comando do partido.

Rossetto defendeu a reforma política e "a atualização da agenda de desenvolvimento econômico e social". Sem críticas diretas a Genoino, afirmou: "O PT não pode simplesmente homologar as decisões do governo. Presidente do partido não é um ministro."

Já oficializado candidato, Pont destacou que vai procurar outras correntes da esquerda para pedir apoio. O deputado não descarta a possibilidade de abrir mão de sua candidatura para conseguir um consenso na esquerda. Além da DS, a Articulação de Esquerda e a Ação Popular Socialista (APS), estudam ter candidatos próprios.