Título: Hu e Koizumi tentam baixar tensão
Autor: AFP, Reuters e AP
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2004, Internacional, p. A18

Os líderes da China e do Japão concordaram em melhorar suas relações durante uma reunião para quebrar o gelo mantida ontem à margem da Conferência Ásia-África, em Jacarta, capital da Indonésia. O presidente chinês, Hu Jintao, declarou querer melhorar o relacionamento bilateral, mas também disse ao primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, que o Japão precisa aprender com o seu passado tempo de guerra. As conversações ocorreram um dia depois que Koizumi se desculpou na sexta-feira pelo passado belicista do Japão e afirmou que gostaria de se reunir com Hu em Jacarta. Esse foi o nono pedido de desculpas feito por um líder japonês. O primeiro foi em 1972, quando os dois países restabeleceram relações diplomáticas.

Hu aceitou o encontro, mas protestou energicamente pela visita de oito deputados japoneses, ainda na sexta-feira, a um polêmico santuário do Japão onde estão enterrados criminosos de guerra.

Nas últimas semanas, milhares de chineses se manifestaram nas ruas contra um livro japonês de história que omite as atrocidades do Japão durante a 2.ª Guerra e contra a intenção do país de obter lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU. Tóquio acusou Pequim de fomentar os protestos, já que não usou seu habitual rigor para reprimi-los. A crise piorou depois que o Japão iniciou procedimentos para explorar gás perto de uma região oceânica disputada pelos dois países.

"Se os sérios problemas nas relações sino-japonesas não forem enfrentados adequadamente, não apenas serão prejudiciais para a China e o Japão, mas afetarão a estabilidade e o desenvolvimento da Ásia", afirmou Hu aos repórteres após o encontro. Ele acrescentou que o Japão deveria cumprir seu compromisso de não apoiar a independência de Taiwan, que a China considera uma província renegada.

Koizumi declarou ter mantido conversa franca com Hu, acrescentando que os dois concordaram em não falar sobre o histórico do Japão no período de guerra ou as visitas dos políticos ao santuário. "Confirmamos que em vez de criticar o passado um do outro e agravar os sentimentos antagônicos, deveríamos fazer um esforço para desenvolver a amizade bilateral", complementou.

Em Tóquio, cerca de 200 pessoas protestaram contra os atos violentos contra japoneses na China. "Queremos desculpas do governo chinês", dizia um dos cartazes.