Título: Exportador cobra mais ação nos EUA
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2005, Economia, p. B1

Os empresários brasileiros estão descontentes com a falta de empenho do governo Lula para aumentar o comércio com os Estados Unidos. Desde que assumiu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já visitou quase 40 países, foi três vezes à África, três vezes à Venezuela e esteve em missões para países como a Líbia, a Síria e Cuba. Mas, até agora, queixam-se os empresários, o governo não programou nenhuma grande ofensiva para os Estados Unidos, o maior importador individual de produtos brasileiros. Lula foi aos EUA três vezes desde que assumiu, sendo duas para participar da assembléia da ONU em Nova York e apenas uma para um encontro com investidores. "Os Estados Unidos são um mercado prioritário, não faz sentido não ter uma política comercial focada nesse país que importa US$ 1,5 trilhão por ano", diz Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington, o volume de ações de política comercial é muito limitado para o tamanho do mercado americano.

"O esforço de se aproximar da África e do Oriente Médio é importante, mas não se pode tirar os EUA do foco principal", diz Barbosa. "O governo perde energia com outros países, em vez de concentrar esforços em mercados realmente importantes." Barbosa aponta o avanço da China, país que, segundo ele, investe na aproximação com os americanos. Em 1985, o Brasil exportava US$ 7 bilhões para os EUA e a China vendia US$ 3,5 bilhões. No ano passado, o Brasil exportou US$ 20 bilhões para os americanos e a China vendeu US$ 170 bilhões.

Segundo José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as exportações brasileiras estão concentradas no leste dos EUA e o resto do país é mal explorado. "Nós deveríamos voltar nossas baterias para os EUA, que são o nosso maior mercado individual e o maior comprador de produtos manufaturados", diz. "No ano passado, exportamos para eles US$ 20 bilhões - isto é, temos só 1,3% deste mercado." Este ano, segundo o Itamaraty, não estão programadas missões comerciais para os EUA com participação do presidente.