Título: Sintéticos são forte concorrência
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2005, Economia, p. B12

No mundo inteiro, o consumo de seda vem caindo por causa da mudança de costumes. Hoje em dia, a seda corresponde a apenas 0,2% do mercado mundial de fibras têxteis. O Japão, que já foi o maior produtor, hoje só tem duas fiações. O país, que é o principal cliente das fiações brasileiras, consome cada vez menos seda. "Hoje em dia, poucas mulheres japonesas usam quimono. Nos apartamentos minúsculos onde elas moram, nem tem lugar para guardar o quimono. E, além disso, você precisa de duas pessoas para conseguir vestir o traje da forma correta.", diz Shigueru Taniguti Junior, gerente comercial da Bratac. "As japonesas só usam quimonos em ocasiões especiais e acabam alugando."

A mudança de cultura no Ocidente também afetou as vendas de seda. "Hoje, as mulheres preferem comprar dez blusas baratinhas do que uma de seda, que vai durar anos", diz Taniguti. Mas o tecido ainda tem muitas vantagens sobre os sintéticos. A seda é térmica - retém calor no inverno e permite a transpiração no verão.

Mesmo assim, os sintéticos tornaram-se uma concorrência forte. Viscose e poliéster vêm roubando mercado da seda. Os tecidos sintéticos estão evoluindo, não amassam, respiram, o toque melhorou. "Ninguém mais tem tempo de usar roupas que exigem cuidados especiais", lamenta Taniguti.