Título: França espera que a China limite suas exportações
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2005, Economia, p. B12

O primeiro-ministro da França, Jean-Pierre Raffarin, afirmou ontem que espera que a China imponha uma autolimitação às exportações de têxteis e confecções para a Europa, cada vez maiores. "Tenho a profunda impressão de que a China é um ator responsável da economia mundial", afirmou Raffarin a empresários franceses e chineses no final de uma visita de três dias à China. "Quando o ritmo de crescimento é muito rápido em relação a outro, uma boa resposta é a autolimitação." Desde que as cotas para as exportações de têxteis foram abolidas em 1.º de janeiro para todos os países da Organização Mundial do Comércio (OMC), muitos governos e empresários têm se queixado da invasão de produtos chineses. Na Europa, a maior parte dos protestos vem da França, da Itália e de Portugal.

Hoje o comissário do Comércio da União Européia, Peter Mandelson, vai jantar, em Luxemburgo, com ministros do Comércio dos 25 países do bloco, e entregar o pedido para que sejam iniciadas as investigações sobre as importações de produtos têxteis chineses. Trata-se do primeiro passo para a aplicação das cotas, previstas pelas regras da OMC.

Segundo dados do governo chinês, o país aumentou suas exportações em 73% em dólares para a União Européia no primeiro bimestre, em relação ao mesmo período de 2004.

CÂMBIO

O Banco Popular da China, o banco central do país, reconheceu ontem que a pressão internacional, principalmente a americana, pode obrigá-lo a acelerar a reforma do sistema de câmbio de sua moeda, o yuan. "A China tem em conta primeiro seus interesses e fatores nacionais, no momento de fazer a reforma e, depois, a dinâmica internacional", disse Zhou Xiaochuan, presidente do Banco Popular da China, durante discurso no Fórum de Boao.

Zhou reconheceu, porém, que "se a pressão internacional for muito forte, isto poderia nos forçar a acelerar a reforma". Caso contrário, "se a pressão não for muito forte, a China fará sua reforma de acordo com suas próprias prioridades". Esta é a primeira vez que Pequim reconhece o efeito da campanha internacional para que a China liberalize a taxa de câmbio e revalorize a moeda, ou pelo menos permita uma maior margem de flutuação. Desde a última reforma econômica chinesa, em 1993 e 1994, o yuan mantém uma taxa de câmbio fixo de 8,27 por US$ 1.