Título: Oringem nobre nas lendas do oriente
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2005, Economia, p. B12

Conta a lenda que a seda foi descoberta, por acaso, por uma rainha chinesa. Ela tomava chá embaixo de uma amoreira, em seu palácio. Um casulo caiu dentro da xícara de chá fervendo e soltou um fio - estava descoberta a seda. No Brasil, o ofício da sericicultura tomou impulso com a imigração japonesa, no século 20. Hoje, são pequenos agricultores e sem-terra assentados que cuidam das lagartas e colhem casulos. Valdir Davide, de 47 anos, sustenta 5 filhos e um neto "criando bicho", como se diz em Bastos. Há dez anos ele cria bicho em seu sítio. Antes, plantava melancia. Davide consegue tirar, por mês, R$ 3 mil. A família toda participa da criação. Os homens vão para a roça colher folhas de amoreira. As mulheres cuidam das larvas nos barracões. Elas precisam ser bem alimentadas e limpas, para fazer casulos com alto teor de seda. Quando estão próximas de fazer casulo, são insaciáveis. "A gente precisa repor as folhas de amoreira a cada 2 horas, passamos a noite em claro", conta Erica, de 21 anos, filha de Davide. "Se não dá comida direito, o bicho fica pequeno e não dá casulo bom."