Título: Agora, Venezuela fala em expulsar só 5 americanos
Autor: Denise Chrispim Marin Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2005, Nacional, p. A6

O governo venezuelano informou ontem que são só cinco os adidos militares americanos que terão de deixar o país nos próximos dias, sob a acusação de espionagem em quartéis e instalações petrolíferas da Venezuela. O presidente Hugo Chávez anunciara domingo - em seu programa semanal de rádio e TV, Alô Presidente - ter ordenado a retirada de todo os soldados americanos do país e suspendido indefinidamente os programas de cooperação militar com os EUA. O programa de intercâmbio foi assinado em 1951 e renovado nos anos 70 e prevê treinamento e manobras conjuntas. O total de soldados americanos na Venezuela é considerado segredo militar.

"É melhor que todos partam", disse Chávez domingo, afirmando que eles poderiam ser vítimas de agentes da CIA para "justificar uma invasão americana na Venezuela". Coube ontem ao vice-presidente José Vicente Rangel esclarecer que só alguns militares americanos sairão do país. "Só uns cinco, que foram surpreendidos tirando fotos em instalações militares e da indústria petrolífera e falando mal do governo nos quartéis", explicou. "O que fariam em Washington se descobrissem militares venezuelanos fotografando instalações suas ou falando mal do presidente Bush, das torturas no Iraque e desse tipo de coisas?"

A embaixada dos EUA em Caracas considerou "precipitada" a decisão de Chávez. Segundo o jornal venezuelano El Universal, ligado à oposição, uma fonte anônima do Pentágono rejeitou a acusação de que soldados americanos estivessem fotografando instalações militares e lamentou a interrupção do intercâmbio militar "no momento em que todos os países da região se dispõem a ampliar a cooperação com os EUA para a luta contra as drogas".