Título: Missão da OEA começa a investigar crise no Equador
Autor: AP, Reuters, AFP e EFE
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2005, Internacional, p. A13

A Organização de Estados Americanos (OEA) iniciou ontem consultas com autoridades do Equador para buscar mecanismos que consolidem a democracia no país, afetada pela destituição do presidente Lucio Gutiérrez e a instauração de um novo governo. O novo presidente equatoriano, Alfredo Palacio, foi o primeiro a receber a delegação da OEA, liderada pelo secretário-geral interino, o americano Luigi Einaudi. Após a reunião privada de uma hora e meia, não foram feitos comentários oficiais do governo ou dos sete integrantes da missão.

José María Ocampo, representante da OEA no Equador, indicou que "a missão escutará todos os setores" e somente quando terminar esses contatos fará declarações à imprensa. Segundo Ocampo, "a resposta do presidente foi conveniente e ele explicou tudo que aconteceu".

A missão da OEA também se reuniu com a cúpula da Igreja católica na Conferência Episcopal Equatoriana. Os delegados prevêem reunir-se durante sua visita de quatro dias com outros representantes do governo, partidos políticos, representantes de empresas privadas, sindicatos e grupos indígenas.

A OEA decidiu enviar uma missão ao Equador para analisar a forma como ocorreu a queda do governo de Gutiérrez. Os 34 países membros da OEA querem uma explicação sobre a destituição por "abandono de cargo", já que Gutiérrez se manteve no palácio presidencial durante as violentas manifestações que pediam sua renúncia.

A onda de protestos foi desatada no início do mês, quando a Suprema Corte retirou as acusações de fraude contra os ex-presidentes Abdalá Bucaram e Gustavo Noboa, permitindo que eles voltassem do exílio. Os equatorianos já estavam irritados com a destituição, em dezembro, de 27 dos 31 juízes da Suprema Corte e sua substituição por simpatizantes do governo.

Uma pesquisa divulgada ontem indicou que 72,4% dos equatorianos acreditam que a destituição de Gutiérrez foi constitucional e 27,5% acham o contrário. Ao mesmo tempo, 73,7% aprovam a nomeação de Palacio para o cargo.

Apesar disso, moradores das províncias da Amazônia e do litoral Pacífico iniciaram uma série de violentos protestos para exigir o retorno de Gutiérrez, exilado no Brasil. Na província costeira de Guayas, manifestantes bloquearam as estradas pedindo a renúncia do Congresso, que aprovou a destituição de Gutiérrez. Segundo as autoridades, pelo menos oito policiais foram feridos em confrontos com manifestantes.