Título: PIB paulista cresceu 7,6% em 2004
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2005, Economia, p. B6

Puxado pela atividade da indústria, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de São Paulo registrou crescimento recorde de 7,6% em 2004, de acordo com estimativa divulgada ontem pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O número supera até mesmo o de 1986, quando a economia paulista havia crescido 6,9%, refletindo os efeitos do Plano Cruzado, que congelara os preços e aumentara os salários em 5%. O crescimento do PIB de São Paulo em 2004 foi bem superior ao da média nacional, de 5,2%. Com isso, a economia do Estado recuperou parte do espaço perdido desde 1999, ano da desvalorização do real. No ano passado, a participação paulista na geração da riqueza nacional atingiu 33,4%, mesmo nível de 2001. Mas ainda está abaixo dos 33,7% de 2000. Em 2003, quando o PIB paulista recuou 0,2%, essa participação já havia caído para 32,7%.

"Os números indicam que a economia brasileira retomou o ciclo tradicional em que São Paulo responde mais rapidamente e em maior intensidade aos movimentos de alta e de queda da atividade", diz Miguel Matteo, chefe da Divisão de Estudos Econômicos da Fundação Seade.

Os cálculos da entidade indicam que o Estado produziu R$ 591,6 bilhões em riquezas no ano passado, o equivalente a um acréscimo de R$ 52 bilhões em relação a 2003, já descontada a inflação. O motor dessa expansão foi a indústria, cujo crescimento chegou a 18,2%, o maior de toda a série das Contas Regionais, iniciada em 1986. A agropecuária e os serviços apresentaram taxa de expansão bem mais modesta, de 0,6% e 4,5%, respectivamente.

Para Matteo, o dinamismo da indústria paulista em 2004 pode ser explicado por dois fatores: o principal foi o forte aumento das vendas externas de produtos manufaturados, que respondem por 83% do valor exportado pelo Estado; e no mercado interno a demanda deu sinais de reanimação, refletindo o crescimento da massa salarial, principal indicador da capacidade de consumo da população. Após vários anos em queda, a soma dos rendimentos do trabalho voltou a aumentar desde o fim de 2003, acompanhando o crescimento do emprego.

"Com isso, a indústria paulista, principal fornecedora de bens de consumo duráveis e não duráveis para o mercado doméstico, fez valer a sua integração de forma positiva, crescendo bem acima da média nacional", afirma Matteo. Ele explica que essa articulação do setor faz com que o crescimento ou queda de um segmento industrial puxe vários outros.

O diretor do Departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, se diz surpreso com a taxa expansão da indústria. "Não conseguimos explicar esses 18,2%, porque o IBGE apontou um crescimento de 11,5% para a indústria paulista e as nossas próprias pesquisas mostraram uma expansão de 9%."

Desde 1997, a Fundação Seade participa da produção das informações para o cálculo do PIB de São Paulo, que é coordenado pelo IBGE. Os números apresentados ontem são estimativas, já que os resultado finais de 2004 somente deverão ser conhecidos em 2006.