Título: Bush quer mais refinarias e centrais nucleares
Autor: Agências internacionais
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2005, Economia, p. B11

O presidente americano, George W. Bush, pediu ao Congresso ontem que agilize os procedimentos para os Estados Unidos construírem mais refinarias de petróleo, centrais nucleares e terminais de importação de gás natural liquefeito (GNL), para conter a alta no preço dos combustíveis, que está desgastando o seu prestígio político. "Eu gostaria de reduzir o preço da gasolina", afirmou Bush a um grupo de microempresários. "Se eu pudesse, reduziria. Esse problema não acontece da noite para o dia e não se resolve da noite para o dia. Precisamos de tempo. O problema é que as fontes de energia não crescem com velocidade suficiente para atender à demanda dos Estados Unidos e dos demais países."

Segundo o presidente, poderiam ser construídas refinarias em bases militares abandonadas pelo Pentágono. Ao mesmo tempo, os procedimentos para a construção de novas centrais nucleares poderia ser agilizado, e o governo deveria ter mais poderes para determinar onde se localizariam os futuros terminais de importação de GNL.

"Vejam, os Estados Unidos estão diante de uma questão fundamental: nós queremos continuar mais dependentes de outras nações para suprir nossas necessidades energéticas? Ou precisamos fazer o que for necessário para termos maior controle sobre o nosso futuro econômico?", disse Bush. De acordo com ele, os EUA não constroem refinarias desde 1976, embora muitas delas tenham sido ampliadas e modernizadas, e a última central nuclear começou a operar em 1973. "Desde 1973, a França construiu 58 centrais nucleares, e esse país produz 78% de sua eletricidade a partir dessa fonte", prosseguiu. "É hora de voltarmos a construir usinas nucleares."

As refinarias americanas trabalham com quase 100% de sua capacidade, e por isso a demanda de gasolina precisa ser coberta com importações. O presidente lembrou que os EUA têm apenas 5 terminais de GNL e 32 projetos estão em fase de revisão administrativa, pedindo ao Congresso que acelere a tramitação.

Esta foi a segunda vez, na semana, em que Bush mencionou o petróleo como preocupação nacional. Segunda-feira, ele recebeu a visita do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Abdullah, pedindo-lhe que o seu país aumente a produção de petróleo. Mas um porta-voz de Riad comentou que por mais que a Arábia Saudita aumentasse a produção, isso não beneficiaria de imediato os Estados Unidos, porque sua capacidade de refino é limitada.

O pedido de Bush foi mal recebido pelos grupos preservacionistas. Um deles, o Sierra Club, disse que o presidente "está propondo uma política energética obsoleta, que depende de tecnologias do século passado", e que em vez disso, ele deveria exortar os americanos a gastar menos combustíveis e lutar pelo melhor aproveitamento dos derivados de petróleo.

O fato é que em reação à fala de Bush, a cotação do petróleo futuro caiu US$ 2,59 em Nova York, ficando abaixo dos US$ 52 o barril.