Título: OAB escolhe representantes hoje
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2005, Nacional, p. A4

A Ordem dos Advogados do Brasil escolhe hoje seus quatro representantes no Conselho Nacional de Justiça e no Conselho Nacional do Ministério Público diante de um dilema bem diferente daquele enfrentado por juízes e procuradores. Faltam candidatos habilitados segundo as regras de seleção definidas pela categoria ou dispostos a abrir mão da advocacia nos dois anos de mandato em cada conselho, além de três anos de quarentena para ocupar cargos em tribunais. Um quinto dos quadros dos tribunais é composto de advogados, outro quinto por representantes do Ministério Público. De 16 candidatos que se apresentaram, há dois habilitados: Oscar Otavio Coimbra Argollo, do Rio de Janeiro, e Yara Gissoni Almeida, do Distrito Federal. Outros três advogados de Alagoas, Paraná e São Paulo que foram reprovados na seleção prévia deverão apresentar recurso para seguir na disputa. Se houver vacância, a diretoria da ordem poderá também indicar representantes e submetê-los ao crivo do conselho federal. Nesse caso, estão entre os cotados o ex-presidente da OAB, José Roberto Batochio e Walter Ramos da Costa Porto, de Pernambuco. Os candidatos serão sabatinados e escolhidos por maioria de votos das bancadas dos 27 Estados.

"O papel do representante da ordem é de alta relevância. Nossa responsabilidade é até maior do que a dos magistrados porque cobramos a criação do Conselho Nacional de Justiça desde 1986", afirma o presidente da OAB, Roberto Busato. Segundo ele, é isso o que justifica o rigor dos pré-requisitos determinados, como "estar no efetivo exercício profissional da advocacia por um prazo mínimo de 20 anos".

Busato está seguro de que a categoria será bem representada no conselho, mas reconhece que o impedimento de exercer a profissão e a quarentena para os tribunais foi um obstáculo. O provável salário de R$ 19.115 no CNJ equivale a cerca de 20% do que fatura um escritório de advocacia bem-sucedido. "Será um ônus muito grande para quem assumir essas vagas."

"O CNJ é fundamental porque chegamos no final do túnel. Só os operadores do Judiciário, em conjunto, poderão encontrar o caminho para reconstruir uma Justiça que atenda os anseios da população", diz Busato.