Título: Reforma sindical enfrenta resistência de aliados e opositores no Congresso
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - Enviada no início de março ao Congresso, a reforma sindical proposta pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco de não sair do papel. A proposta é polêmica e enfrenta sérias resistências dos partidos tanto da base aliada ao Palácio do Planalto quanto da oposição. A avaliação de lideranças partidárias é que a emenda à Constituição, que dificulta a criação de sindicatos, tem poucas chances de ser aprovada este ano na Câmara. "Essa proposta tem de ir para a gaveta. É uma matéria muito controversa e não há ambiente político para aprová-la", diz o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS). "Este é um governo que está no fim, descendo a ladeira e não há como aprovar uma proposta que restringe a liberdade dos trabalhadores brasileiros", afirma o líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).

O relator da emenda na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Maurício Rands (PT-PE), admite que a proposta enfrenta sérias dificuldades junto aos parlamentares. "Mudar uma estrutura sindical que está enraizada não é fácil. Mas estou convencido de que esta proposta de reforma, comparada com o modelo sindical vigente, representa um grande avanço", argumenta Rands. Para aprovar a emenda são necessários os votos favoráveis de 308 do total de 513 deputados.

A reforma sindical está parada na CCJ. Rands pretende convocar os representantes das centrais sindicais para debater a emenda. Mas isso só será feito depois que a Comissão votar o fim da verticalização (obrigatoriedade de as alianças nacionais serem iguais às coligações partidárias regionais) e o projeto de decreto legislativo que prevê a realização de referendo popular sobre armas de fogo, em outubro deste ano. "Não é uma sangria desatada votar essa reforma sindical. Ela é polêmica, não precisa ser votada com açodamento e estou disposto a ouvir todas as partes envolvidas", diz o relator.