Título: Economia do País está sem rumo, acusa Tasso
Autor: James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2005, Nacional, p. A5

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) acusou ontem a política econômica do governo de estar sem rumo e classificou de medíocre o crescimento de 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado. "É com grande preocupação que volto à tribuna desta Casa para alertar sobre os perigosos rumos que vem tomando nossa economia, apesar de o atual governo estar alardeando o contrário", afirmou.

Tasso contou que tinha esperança de que o governo aproveitasse o momento positivo da economia mundial em 2004 para assegurar a estabilidade do crescimento nos próximos anos. "Depois do fiasco de 2003, em que permanecemos praticamente estagnados, era de se esperar que o novo governo aprendesse a lição de que governar prometendo o paraíso, sem compromisso com a realidade, poderia ao contrário, levar às portas do inferno", disse. "Hoje já temo que talvez estejamos perdendo chance ímpar, inédita pelo menos nos últimos 25 anos, para tão necessária mudança de curso. O pior é que o governo parece não ter se dado conta disso. Não consegue identificar, tal qual um marujo inexperiente, os sinais de que a maré pode mudar."

Segundo o senador, o crescimento de 5,2% em 2004, "foi na realidade medíocre, considerando o crescimento do ano anterior e a conjuntura externa extraordinariamente favorável." Tasso disse que no ano passado ocorreu o maior crescimento da economia mundial dos últimos 15 anos. "O mundo como um todo cresceu 5,1% e o comércio mundial, 15%. Países emergentes, incluindo China e Índia, cresceram em média 6% e os países da América Latina, 5,9%. Até mesmo a África cresceu uma média de 4,5%."

AJUSTE

Tasso considerou equivocada a política de ajuste fiscal, por basear-se no aumento da carga tributária e não no corte de gastos. Ele acusou o governo de aumentar despesas públicas e afirmou que houve redução de 48% do investimento público, proporcionalmente ao PIB, em relação ao governo anterior.

"O governo, em vez de ter a humildade de reconhecer que é gordo, pesado perdulário, sendo portanto responsável pelo baixo nível de investimento e pela retomada inflacionária, prefere punir as empresas e os consumidores, aumentando os juros de forma excessiva para compensar o nítido descontrole dos gastos públicos", acusou. "Estamos, na verdade, navegando sem rumo. É triste constatar, a cada dia, que este governo nunca teve um projeto para o País, além daquele de alcançar o poder."