Título: PT errou votando contra Lei Fiscal, admite Palocci
Autor: Sheila D'Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2005, Nacional, p. A6

Cinco anos após criticar a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fez um mea culpa em nome da bancada petista que, em 2000, ameaçou impedir, na Justiça, a implementação na nova legislação. "Nossa bancada, onde eu me incluo, falhou. Não demos apoio à lei e isso foi uma falha que o presidente Lula corrigiu ao assumir um forte compromisso fiscal no seu governo", disse o ministro durante rápida participação num debate promovido pelo Tesouro Nacional para comemorar os cinco anos de implementação da LRF.

O discurso de Palocci serviu de contraponto às declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, pela manhã, havia criticado o PT por ter sido contra a LRF. Durante sua repentina intervenção, já no final da tarde, o ministro afirmou que a responsabilidade fiscal hoje está acima das convicções partidárias e é uma conquista recente da sociedade.

Lembrando o governo anterior, disse que no primeiro mandato de Fernando Henrique houve uma "fragilidade fiscal" que fez a dívida pública crescer. "No segundo mandato, a preocupação (fiscal) aflorou e o governo encaminhou ao Congresso a LRF."

Para Palocci, o compromisso com ajuste fiscal trouxe mais equilíbrio, menor vulnerabilidade e permitiu a redução da dívida pública em relação à produção nacional.

"Isso é o que permite crescimento sólido e prolongado." Rebatendo as críticas de que o ajuste fiscal impede avanços na área social, o ministro disse que "a prática tem demonstrado que quando não há esforço fiscal, no médio prazo, os programas sociais ficam comprometidos".

Por isso, concluiu, "é um equívoco pensar, no curtíssimo prazo, que o ajuste fiscal retira recursos dos programas sociais". "Isso pode ocorrer em alguns meses mas, no médio prazo, os recursos aumentam."