Título: Blair vê mundo como luta entre bem e mal
Autor: Dan Balz
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2005, Internacional, p. A12

O RECORDISTA: Mesmo com a imagem arranhada nos últimos anos em razão de sua controvertida adesão à guerra no Iraque, Anthony Tony Charles Lynton Blair, aos 51 anos, não perdeu o encanto jovial nem o carisma responsáveis em grande parte por sua bem sucedida carreira política. Filho de um advogado conservador de Glasgow, Escócia, Blair fez seus estudos fundamentais numa escola privada daquela cidade e, posteriormente, formou-se em direito em Oxford. Na juventude, integrou uma banda de rock Ugly Rumours (Rumores Feios) e participou da peça teatral Júlio Cesar, de Shakespeare.

Só ingressou no Partido Trabalhista depois de concluir a universidade em meados dos anos 70. Nessa época, conheceu Cherie Booth, com quem se casaria e teria quatro filhos. De Cherie, uma renomada advogada, disse ele certa vez: "Ela é o pilar sobre o qual tenho construído minha vida."

Blair nunca agradou a muitos colegas de partido, principalmente os da chamada velha-guarda da esquerda. Quando se transformou em chefe dos trabalhistas, em 1994, pôs um ponto final no pensamento socialista e abriu a agremiação para um novo contingente de eleitores. Dessa forma, conseguiu vencer as eleições de 1997, tornando-se o primeiro-ministro mais jovem da Grã-Bretanha, desde 1812.

O líder trabalhista sempre disse ter fortes convicções religiosas e morais. Segundo o biógrafo dele, Anthony Seldon, Blair vê o mudo como uma "luta entre o bem e o mal". Isso explicaria o fato de ele ter enviado soldados britânicos a Kosovo, Serra Leoa, Afeganistão e Iraque. O tablóide Daily Telegraph destaca, por isso, ser ele é o primeiro-ministro britânico que detém o recorde de participação em guerras desde 1945.

Eleito nas eleições de hoje, ele terá batido outro recorde: o de primeiro líder trabalhista a exercer três mandatos consecutivos.