Título: Reforma fica pronta em dezembro
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2005, Metrópole, p. C1

Nem cinco meses se passaram desde a inauguração e os dois túneis sob a Avenida Faria Lima entraram numa reforma que só deve ser concluída em dezembro. No fim de outubro, dois meses depois de entregues, uma forte chuva inundou a cidade - e o Túnel Jornalista Fernando Vieira de Mello rapidamente encheu à altura de 2 metros. A enchente chamou a atenção para os inúmeros problemas da obra. A atual gestão contratou o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT), que detectou mais de mil metros de galerias subterrâneas danificadas, ou cerca de 60% delas. Outros problemas foram identificados, aparentemente em decorrência da rapidez com que a obra foi executada.

As grades de escoamento, feitas para levar a água da chuva às galerias, não haviam sido instaladas em quantidade suficiente. Descobriu-se ainda que funcionários das empreiteiras haviam lavado betoneiras no meio da obra. Com isso, os restos de concreto e areia foram parar dentro das galerias, obstruindo a passagem de água. Quando os reparos começaram, em janeiro, foram retirados nada menos que cinco caminhões de material de construção e entulho que entupiam parte da tubulação.

SEM CORREDOR DE PEDESTRE

As falhas no projeto não param por aí. Caso um carro quebre dentro do túnel, o motorista precisa andar cerca de 90 metros a pé no meio da rua porque não existem corredores para pedestres subirem a rampa. Como as pistas são estreitas, os responsáveis pela reforma cogitam desenhar faixas no chão e instalar luzes amarelas para alertar os motoristas.

Os corredores de ônibus também aumentaram a confusão e os perigos na região do túnel da Rebouças. Uma mulher já morreu atropelada no cruzamento da Avenida Rebouças com a Rua Pedroso de Moraes logo depois da inauguração. Mudanças na organização de semáforos, ilhas e calçadas estão sendo estudadas.

De acordo com a atual administração, o projeto executivo das galerias previa o encanamento de tubos concreto. Mas elas acabaram revestidas com rib locs - tubos de PVC de custo equivalente ao concreto, mas que podem ser colocados mais rapidamente, ao ritmo de seis metros por dia. Para revesti-los, em alguns trechos usou-se terra sem concreto, como seria necessário. Resultado: já em janeiro, inspeções detectaram 30 metros de asfalto prestes a ceder.

A gestão passada alega que a equipe técnica da Emurb já havia detectado os erros e solicitado os reparos necessários às empreiteiras, sem custos para a Prefeitura. As ações teriam sido informadas à equipe de transição do secretário de Infra-estrutura Urbana e Obras, Antonio Arnaldo.