Título: Saída seria pedir afastamento
Autor: Sheila D'Amorim e Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2005, Economia, p. B3

BRASÍLIA - Ainda que o Supremo Tribunal Federal abra uma investigação sobre o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, este não será demitido. Essa foi a afirmação feita pelo presidente Lula, na entrevista que concedeu sexta-feira passada. "Investigação é investigação", disse. "Só posso tomar uma atitude quando houver uma conclusão." Lula acrescentou que demitir Meirelles seria um prejulgamento. Mas nada impede Meirelles de pedir para afastar-se do cargo. Essa era uma possibilidade que já estava sobre a mesa antes do início da crise. O presidente do BC não faz segredo de sua condição de virtual candidato a um cargo eletivo por seu Estado natal, Goiás. Em 2002, ele foi o deputado federal goiano mais votado. Elegeu-se pelo PSDB e renunciou ao posto para comandar o Banco Central do governo petista.

Um eventual substituto de Meirelles já estaria de malas prontas para Brasília, segundo circula no alto escalão político da Esplanada dos Ministérios. É Murilo Portugal, que na semana passada foi anunciado como o novo secretário-executivo do Ministério da Fazenda - um posto equivalente ao de vice-ministro. Deverá tomar posse do cargo em meados deste mês. Atualmente, Portugal é o representante do Brasil junto ao Fundo Monetário Internacional. Embora tenha sido secretário do Tesouro no governo anterior, é uma pessoa de confiança do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que pensou em colocá-lo na presidência do BC no início do governo. Portugal nega que o plano seja esse.

No mês passado, Meirelles esteve no escritório de advocacia Caputo, Bastos, Fruet e Bouissou, em Brasília. Passou mais de três horas reunido. À saída, disse que estivera fazendo uma "visita de cortesia" ao escritório. Era feriado de Tiradentes. Meirelles estava trajado de maneira formal, de gravata, e carregava uma pasta. Estava acompanhado por cinco seguranças.