Título: Volatilidade faz dólar cair outra vez
Autor: Silvana Rocha e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2005, Economia, p. B13

O dólar reforçou a volatilidade após o rebaixamento dos ratings da GM e Ford pela agência S&P, acompanhando a reação negativa nas Bolsas e no mercado de títulos da dívida externa (ver página B4). O comercial ensaiou uma alta no meio da tarde, mas devolveu os ganhos e fechou em queda de 0,12%, para R$ 2,465, a menor cotação desde 8 de maio de 2002 (R$ 2,438). O paralelo recuou 0,36%, vendido a R$ 2,77. A queda acumulada pelo dólar ante o real neste mês ampliou-se para 2,53%, e no ano, para 7,12%. O giro financeiro à vista caiu 18%, para US$ 1,483 bilhão.

No mercado futuro, a agitação foi bem maior. Os investidores que estavam "vendidos" de manhã inverteram posições para compra, reagindo à decisão da S&P. Com a recuperação dos mercados, mais tarde, alguns investidores reverteram novamente as posições, o que contribuiu para um expressivo aumento do volume negociado com dólar futuro na BM&F. O giro financeiro saltou 125%, para US$ 12,89 bilhões.

A possibilidade do retorno do Banco Central ao mercado de câmbio, segundo um operador, também poderia justificar em parte a reversão de posições "vendidas" em dólar futuro. Os seis vencimentos negociados projetaram alta. Para 1.º de junho, a aposta é de uma valorização de 0,04%.

Hoje, o comportamento dos mercados dependerá do número de empregos criados nos EUA em abril. Se ficar abaixo do esperado, a forte volatilidade deverá predominar.

O mercado de juros ameaçou estressar com a notícia do rebaixamento da GM e da Ford pela S&P, mas acabou reduzindo a apreensão no final do dia. Inicialmente, a queda do rating dessas empresas levou o mercado a acreditar que os papéis da dívida dos emergentes - portanto, os do Brasil também - poderiam ser prejudicados. Mas ao longo da tarde, os especialistas concluíram que o efeito será neutro, no máximo limitado, e o clima geral foi amenizado.

Agora, o mercado de juros segue monitorando os indicadores da economia doméstica. Hoje, sai o número da produção industrial de março, e a expectativa é de que mostre um crescimento inferior a 1%. Mas, segundo especialistas, mais importante do que o dado em si é o comportamento da produção de bens de capital, que vem caindo nos últimos meses, e dos bens duráveis, em tese os mais afetados pelo ciclo de aperto monetário.