Título: Isolado, vice de Ilhabela fica surpreso
Autor: Bárbara Souza
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2005, Metrópole, p. C1

O vice-prefeito de Ilhabela, Antonio Carlos Cajado Simões (PL), soube da decisão da Justiça sobre sua cassação pela reportagem do Estado. Isolado, Simões ficou surpreso ao saber o teor da sentença e mais ainda da ordem de cassação. "Ainda não sei. Não fui citado, não recebi nada", disse, surpreso. "Mas isso não pode acontecer, porque o promotor julgou a ação (sic) improcedente." Simões não sabia que depois do parecer dado pelo promotor eleitoral de São Sebastião, Bruno Marcio de Azevedo, contrário à cassação, ainda havia a decisão do juiz eleitoral da cidade, Luiz Antonio Carrer.

Depois de informado, o vice achou a sentença "um absurdo". Segundo Simões, foi a Festa do Portinho que se beneficiou do showmício feito na praça e não o contrário.

No momento da decisão judicial, Simões diz viver um impasse político ao lado do prefeito Manoel Marcos de Jesus Ferreira (PTB). Ele reclama do isolamento a que foi submetido no governo e diz que vai recorrer ao partido. "Desde as eleições, falo pouco com o prefeito, que ficou distante. Acho que ele se sentiu mais forte depois das eleições."

Simões diz não ter detalhes das acusações que pesam sobre Manoel Marcos, como a provável venda de lotes irregulares dentro do Parque Estadual de Ilhabela da Imobiliária Ilhabela Imóveis, da qual o prefeito é sócio, mas afirma estar afastado. "Já houve comissão de inquérito na Câmara. É difícil investigar quando o prefeito está no poder", afirmou.

O presidente da Câmara, Luiz Lobo (PL), disse que não sabe da distância entre os dois. E também se disse contrário à decisão da Justiça. "As pessoas falam que eu deveria comemorar, porque vou virar prefeito. Mas não quero assim. Se um dia me candidatar, quero ser eleito e cumprir o mandato", disse ele.

Para Lobo, a decisão é ruim para a cidade. "Gostaria muito de ver o Manoel Marcos como deputado, representando o litoral norte em 2010."

O presidente da Câmara é citado num caso de crime ambiental, que foi parar no Tribunal de Justiça e virou objeto do inquérito 12/05 na Delegacia Seccional de São Sebastião. Um casal alega ter comprado o terreno de um cunhado de Lobo, Domingos Batista de Souza, e obtido alvará da prefeitura, sem saber que ficava em Área de Preservação Permanente (APA), onde não é permitido construir nada. Eles precisariam de aprovação do Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DEPRN). Lobo diz que apenas ajudou a acelerar a aprovação do projeto na prefeitura. A área foi embargada pela Polícia Ambiental.

O TJ pede que seja ouvido no caso o prefeito Manoel Marcos e apuração de lançamento e cobrança indevida de tributos, além de suposta expedição irregular de alvará de construção.

QUESTÕES

Os poucos que se posicionam na oposição ao prefeito garantem que vão exigir que a Câmara se manifeste sobre o processo e outras acusações feitas contra ele. O vereador José Roberto de Campos (PMN), o Beto, por exemplo, afirmou ontem que pretende se manifestar na Casa contra gastos da prefeitura em publicações em jornais locais. "Só em um deles, o prefeito gastou R$ 520 mil em quatro anos. É um absurdo um jornal pequeno ganhar um montante desse", disse.