Título: Congresso cira CPI para apurar máfia da emigração ilegal
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2005, Metrópole, p. C7

Cida Fontes BRASÍLIA O Congresso aprovou ontem a criação de uma comissão parlamentar mista de inquérito para apurar a emigração ilegal. Segundo autoridades do México, rota usada pela maioria dos ilegais, cerca de 16 mil brasileiros foram detidos em Nuevo León, Tamaulipas e Texas, entre meados de 2004 e o início de 2005. No ano passado, o México deportou 4.822 brasileiros. Já a patrulha de fronteiras dos Estados Unidos deteve mais de 11 mil brasileiros ilegais nos últimos sete meses, somente na região na fronteira do nordeste mexicano com o Texas. O requerimento foi apresentado pelo senador Hélio Costa (PMDB-MG) e pelo deputado João Magno (PT-MG) em sessão conjunta da Câmara e do Senado. Segundo Hélio Costa, a emigração ilegal é feita por uma "máfia violentíssima, que ilude jovens, inclusive menores de idade, com promessas de colocá-los no mercado de trabalho dos países desenvolvidos".

Além de tirar dinheiro desses jovens, segundo o senador, os integrantes da máfia roubam os documentos para usá-los em outros crimes. Na Europa, disse Costa, um passaporte brasileiro vale hoje US$ 5 mil.

De acordo com o senador, os integrantes dessa organização falsificam documentos para que os menores possam viajar sem autorização dos pais. No requerimento em que justifica a criação da CPI, Costa afirma que a máfia pratica "crimes como aliciamento, divulgação enganosa e tráfico de pessoas". Esses argumentos foram usados por Costa e Magno no requerimento de CPI aprovado pelo Congresso.

Ainda segundo o senador, a CPI também vai assegurar melhoria nas condições sociais e nos direitos de cidadania dos brasileiros que vivem legalmente no exterior. Em discurso, o senador João Batista Motta (PMDB-ES) disse que os brasileiros que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos são presos ou mortos. Citou reportagem do Fantástico, no domingo, que abordou o problema dos emigrantes ilegais.

Durante o trabalho da comissão, deverão ser ouvidos representantes do Ministério das Relações Exteriores, da Polícia Federal, Casa da Moeda do Brasil, das comunidades de brasileiros que vivem em outros países e autoridades do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.