Título: Severino ironiza a nova derrota do Planalto
Autor: Eugênia Lopes e Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - Há pouco menos de três meses na presidência da Câmara, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) vem atazanando a vida do governo Lula. Ontem, Severino impôs nova derrota ao Palácio do Planalto com a eleição de Alexandre de Moraes, secretário de Justiça do governo de Geraldo Alckmin, para o Conselho Nacional de Justiça. Candidato do governo ao cargo, Sérgio Renault não teve os votos do PP de Severino, que fez acordo com o candidato da oposição. "O nome do candidato do governo não passou porque ele (Renault) estava muito cansado", ironizou Severino.

Com seu jeito simplório e estilo verborrágico, o presidente da Câmara atrapalhou a reforma ministerial de Lula, em março, ao tentar impor o nome de seu correligionário político, o segundo vice-presidente da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), para o Ministério das Comunicações. Não levou a indicação, mas Lula acabou desistindo da reforma.

Também foi Severino que iniciou uma cruzada contra o aumento de impostos previsto na medida provisória que corrigiu a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPJ). Ele articulou contra a MP, levando o governo a voltar atrás e retirar da proposta o aumento de impostos.

Nas últimas duas semanas, o presidente da Câmara vem ameaçando o governo de pôr em votação apenas a parte da reforma tributária que aumenta o repasse de verba da União para o Fundo de Participação dos Municípios. Para não correr o risco de uma nova derrota, os deputados da base aliada têm obstruído sistematicamente as sessões da Câmara.

Nada é votado e a pauta do plenário da Casa está trancada por medidas provisórias à espera de apreciação dos deputados.