Título: Lula promete a Severino menos MPs
Autor: Denise Madueño e Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2005, Nacional, p. A9

BRASÍLIA - Em café da manhã no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), diminuir o número de medidas provisórias editadas pelo Poder Executivo. O gesto é uma tentativa de aproximação política de Lula com Severino, reduzindo as dificuldades que o governo tem hoje para aprovar projetos de seu interesse na Câmara. No encontro, Lula assumiu o compromisso de editar MP apenas em caso de urgência. O governo montou uma operação para melhorar a relação com Severino.

Lula tem reconhecido as dificuldades para voltar a ter a iniciativa das ações na Câmara desde a posse do novo presidente. Por conta disso, decidiu se encontrar novamente com Severino ontem. Também tem enviado interlocutores ao seu encontro. Um dia antes de se reunir com Lula, o presidente da Câmara tinha almoçado com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo. Ontem mesmo, menos de duas horas depois do encontro com Severino, Lula amargou nova derrota na eleição para o Conselho Nacional de Justiça.

"Ele (Lula) se comprometeu a diminuir o ímpeto de editar medidas provisórias para que possamos trabalhar e ter melhor resultado", disse Severino, após o encontro. "O presidente está consciente de que só vai mandar MPs quando houver realmente urgência e relevância para não tumultuar a vida do Poder Legislativo", continuou.

Severino afirmou que não vai usar o poder de elaborar a pauta do plenário da Câmara contra interesses do governo. "Vamos ter um tratamento de presidente para presidente. Não irei atravancar o desenvolvimento do País para satisfazer algum desentendimento político." O presidente da Câmara considerou o encontro cordial. "Nunca estivemos em guerra", disse. Severino ressaltou que a pauta será destravada para que, na próxima semana, seja votada a proposta de reforma tributária.

Severino disse que o fato de ter posições contrárias ao governo sobre os juros não será motivo de desentendimento com Lula.