Título: Sem-terra de MS soltam reféns, mas barram saída
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2005, Nacional, p. A13

CAMPO GRANDE - Os quase 2 mil integrantes do MST que ocupam a unidade avançada de Ponta Porã (MS), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) libertaram ontem os 11 funcionários do Incra que mantinham reféns, mas não os deixaram se aproximar dos veículos oficiais. Com isso, os que queiram voltar para o instituto em Campo Grande terão de andar a pé 45 quilômetros até a rodovia, onde podem pedir carona. "Continuamos reféns", reclamou o coordenador da unidade, Hélio Rocha. Os sem-terra invadiram a Fazenda Itamarati II, sede da unidade, quarta-feira, quando fizeram os reféns.

O juiz federal de Ponta Porã, Odilon de Oliveira, ordenou o fim da invasão, prometendo usar força policial, se for necessário. Mas os líderes do movimento garantiram que só deixariam o lugar hoje, quando o superintendente do Incra, Luiz Carlos Bonelli, prometeu negociar uma saída com os manifestantes na sede do instituto em Dourados, que fica a 120 quilômetros de Ponta Porã.

A Fazenda Itamarati II, com 26 mil hectares, foi comprada pelo governo em agosto. "Para garantir o sucesso do empreendimento, proporcionando renda digna aos assentados, a única forma é implantar o sistema sócio-proprietário. Mas o MST quer área maior que os demais beneficiários", contou Bonelli.

Foram selecionadas 2.071 famílias para serem assentadas. As de CUT Rural, Federação dos Trabalhadores na Agricultura e Associação dos Moradores e Ex-Funcionários da Fazenda Itamarati aceitam dividir os lotes de 12 hectares em dois: um para produção individual, com 4 hectares, e outro para exploração societária com 8 hectares. O MST insiste em áreas individuais com 6 hectares.