Título: MST marcha e governo de Goiás paga a conta
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2005, Nacional, p. A13

GOIÂNIA - A marcha do Movimento dos Sem-Terra a Brasília já custou cerca de R$ 500 mil aos cofres públicos de Goiás. Os 11 mil manifestantes estão há cinco dias na estrada, depois de terem se concentrado em Goiânia, no dia 1.º. A chegada a Brasília está prevista para o dia 17. A média de despesas bancadas pelo governo e prefeituras é de R$ 100 mil por dia. Só com alimentação, o governo goiano gastou cerca de R$ 200 mil, segundo a Secretaria da Cidadania. Também está correndo por conta do Estado o fornecimento de 250 mil litros de água por dia aos sem-terra. A Saneago, estatal de saneamento básico, colocou oito caminhões-pipa à disposição da marcha. O custo, incluindo combustível e mão de obra, já chega a R$ 120 mil. A Secretaria Estadual de Saúde deslocou oito ambulâncias com motorista e paramédicos para atender, em tempo integral, os sem-terra. Os veículos são usados no socorro das pessoas que passam mal durante a marcha e têm sido até insuficientes. O serviço é terceirizado e já teve um custo aproximado de R$ 80 mil.

Também foram cedidos pelo governo estadual 100 banheiros a um custo, incluindo transporte e material, de aproximadamente R$ 40 mil. A prefeitura de Goiânia participou com R$ 147 mil no custeio da alimentação dos sem-terra, fornecendo 50 mil marmitex durante a concentração na cidade. De acordo com a secretária da Cidadania, Linda Monteiro, nesse atendimento estão sendo usados recursos reservados para situações de emergência. O governador Marconi Perillo (PSDB) atendeu a um apelo do arcebispo de Goiânia, d. Washington Cruz, que o procurou, no início do ano, na companhia de líderes do MST. Perillo é católico e ligado à Igreja. "Independentemente do mérito da marcha, são pessoas carentes e há muitas crianças", disse a secretária. A decisão foi tomada também por razões de segurança, segundo ela. "Com um número tão grande de pessoas se deslocando no Estado, o governo se viu obrigado a dar a estrutura possível para garantir a segurança deles e a tranqüilidade da população." As solicitações apresentadas pelo movimento foram negociadas. "Fizemos da forma mais econômica possível." Linda acredita que o dinheiro não fará falta no atendimento de outras necessidades da população. "São gastos que o Estado tem condições de arcar." O deslocamento das comitivas de 23 Estados em 300 ônibus não envolveu dinheiro público, segundo o MST.

As barracas, os três carros de som e a rádio comunitária que acompanha a marcha são emprestados. O movimento informou ter obtido ajuda de entidades ligadas à Via Campesina para confeccionar os 11 mil kits distribuídos aos participantes, com mochila, caderno, caneta, a cartilha do movimento e um aparelho de rádio, usado para sintonizar a emissora. As prefeituras dos municípios cortados pela marcha também se comprometeram a ajudar.