Título: Acordo prevê R$ 1,5 bi em investimentos para ferrovia
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2005, Nacional, p. A6

Após um ano de negociações, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Grupo Brasil Ferrovias, que controla as concessionárias Ferronorte, Novoeste e Ferroban, assinaram ontem em Campinas acordo de investimentos na malha ferroviária de R$ 1,5 bilhão, que prevê a reestruturação societária, financeira e operacional da holding.

Para o presidente Lula, que participou da cerimônia, um "novo ciclo se abre" com a "retomada do investimento pesado na infra-estrutura". Na reestruturação, o BNDES passará a ter participação acionária na Brasil Ferrovias, não inferior a 40% nem superior a 49%, e o grupo abrirá o capital em no máximo 5 anos para negociar ações na Bovespa. A previsão é de que até 2009 sejam investidos R$ 2,4 bilhões no sistema.

O R$ 1,5 bilhão se divide entre R$ 446 milhões de dívidas convertidas em capital, R$ 375 milhões dos acionistas e R$ 647 milhões do BNDES, sendo R$ 265 milhões em empréstimo e o restante em investimento. A dívida da Brasil Ferrovias é de R$ 1,2 bilhão. Os recursos serão aplicados em manutenção de linhas férreas, reforma de vagões, aquisição de vagões e locomotivas. A expectativa é de compra de 1.574 vagões e 268 locomotivas.

O acordo prevê ainda direito de passagem de composições da Ferroban em linhas da concessionária MRS, de acesso ao Porto de Santos, e de a empresa construir uma nova linha férrea, orçada em R$ 25 milhões, na faixa de domínio da MRS. Em contrapartida, a MRS vai operar a malha Ferroban em Pederneiras e Campinas.

"A operação é fundamental para a restauração de dois dos mais relevantes corredores ferroviários do País", disse o presidente do BNDES, Guido Mantega, acrescentando que a previsão é de que o volume de carga transportado no sistema seja dobrado até 2009. Ele disse que o acordo revela o "compromisso do BNDES com o setor de infra-estrutura", no qual continuará "atuando firmemente nos próximos anos". A reestruturação visa a elevar o escoamento das safras agrícolas do Centro-Oeste pelo Porto de Santos.