Título: Aldo vê derrotas como 'acidentes de percurso'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2005, Nacional, p. A10

O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, tentou atenuar ontem a crise da base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva, agravada com novas derrotas no Congresso, e negou que esteja para deixar o cargo. Aldo classificou as derrotas de quarta-feira na Câmara e no Senado como "acidentes de percurso". "Isso não passa de especulação. Tenho procurado fazer meu trabalho da melhor maneira possível e não vou dar ouvidos nem levar em conta esse tipo de especulação" . A possibilidade de o ministro sair da Coordenação Política foi levantada depois de o governo ser derrotado na Câmara na escolha do nome para o Conselho Nacional de Justiça. "O governo perder essa questão no congresso não é uma coisa anormal. Nessa matéria de escolha de nomes é sempre suscetível o governo sofrer derrotas", disse Aldo, ao admitir, no entanto, que o episódio (as derrotas) "demonstra que é preciso uma unidade maior dos partidos que integram a base do governo".

Quanto ao senado, Aldo negou que tenha sido uma derrota a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para explicar a abertura de capital da Infraero. "Não é a primeira convocação de um ministro. O governo não tem por que negar que seus ministros possam comparecer ao Congresso e prestar contas das suas atividades, das suas atribuições. O ministro José Dirceu nunca se negou a fazer isso e, portanto, eu não vejo isso como uma derrota."

Ele disse também que o acordo para votação da reforma tributária já está construído na base do governo e que as recentes derrotas do governo na Câmara e no Senado não devem interferir na aprovação da matéria. "Não se pode levar em conta a idéia de que numa democracia o governo jamais será derrotado no Congresso. O mais importante é se, no final, o governo ganha nas coisas que são importantes para o governo e para o País", afirmou o ministro.

Aldo disse ainda não acreditar que o projeto de autonomia do Banco Central esteja "enterrado", conforme afirmação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, agora que o presidente do BC, Henrique Meirelles, ganhou status de ministro. A decisão foi confirmada anteontem pelo STF e, com ela, as investigações sobre Meirelles tramitarão no Supremo. "A alteração é insignificante porque o presidente sempre teve a prerrogativa de nomear ou demitir presidente do Banco Central ", disse Aldo.