Título: Lavagna diz que conflito é resultado de 'relação intensa'
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2005, Nacional, p. A14

Na contramão de boa parte de seu governo, o ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, tenta pôr panos quentes na crise. Em Paris, ele se reuniu esta semana com o chanceler Celso Amorim e indicou que estava disposto a fumar o cachimbo da paz. Lavagna afirmou ontem que o encontro com Amorim transcorreu "no melhor dos climas". Também amenizou os entreveros entre os dois países, dizendo que são apenas o resultado de "uma relação intensa". Na quarta-feira, em Paris, onde foi à reunião de 30 ministros sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC), Lavagna dissera que era preciso acalmar os dois lados. Ontem, ele admitiu que posições internacionais e a coordenação política entre Brasil e Argentina costumam ser "fonte de conflito". Era uma referência às divergências sobre a criação de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e a hipótese de o Brasil ocupá-la ou o apoio a diferentes candidatos para presidir a OMC.

Enquanto Lavagna busca a estratégia do apaziguamento, o chanceler argentino, Rafael Bielsa, reafirmou o discurso favorável a "aperfeiçoar" o Mercosul antes de pensar na Comunidade Sul-americana da Nações - projeto que é a menina dos olhos do governo Lula. Bielsa também disse, em óbvia referência ao Brasil, que não questiona "lideranças", mas sim, "hegemonias".

Em Buenos Aires, analistas políticos ainda duvidam de que o presidente Néstor Kirchner vá a Brasília na próxima semana. Não descartam que ele, diante da perspectiva de respostas negativas para a exigência argentina de salvaguardas comerciais, cancele a viagem.