Título: Lula janta com Kirchner e Chávez na segunda
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2005, Nacional, p. A14

O presidente Lula receberá na próxima segunda-feira seus colegas Néstor Kirchner e Hugo Chávez, da Venezuela, para um jantar na Granja do Torto, marcado para às 20h30. O objetivo será reiterar a "aliança estratégica trilateral", anunciada no início de março e centrada especialmente nas parcerias nos setores de energia elétrica e de petróleo, além de retomar as discussões sobre a integração sul-americana. O Palácio do Planalto deverá ainda agendar um encontro reservado entre os presidentes Lula e Kirchner, como meio de contornar o atrito gerado pelas críticas de autoridades argentinas ao Brasil e as ameaças de Buenos Aires de adotar novas barreiras contra produtos brasileiros na semana passada. A data exata do encontro ainda estava sendo acertada pelas chancelarias dos dois países. Mas a idéia é que acontecesse o quanto antes, se possível no dia em que Kirchner chegar ao Brasil, porque o presidente Lula quer distensionar o quanto antes as relações entre os dois países. A data mais provável do encontro reservado entre os dois presidentes, no entanto, é terça-feira.

Por causa do temperamento de Kirchner, chegou a haver preocupação por parte do governo brasileiro de o presidente argentino prometer vir, mas não cumprir, como já aconteceu em várias outras oportunidades. Com a confirmação, feita pelo próprio Kirchner, inclusive de público, o que foi amplamente noticiado, houve um alívio no Itamaraty e no Planalto.

Os encontros com Kirchner e Chávez se darão em paralelo à reunião de cúpula América do Sul e dos Países Árabes, que começa na terça-feira, em Brasília. Mas, além dos sinais políticos, a negociação para valer deverá começar na próxima reunião da Comissão de Monitoramento do Comércio Bilateral, nos dias 16 e 17, em Buenos Aires.

Apesar de o governo brasileiro estar tentando fazer vista grossa a reticentes críticas de autoridades argentinas, essas declarações têm incomodado o Planalto. Mas, mesmo assim, todas as declarações são no sentido de diminuir as tensões. No Planalto, assessores do presidente Lula lembravam que na própria imprensa de Buenos Aires já começam a aparecer notícias dando conta da distensão. Esta fonte se referia à nota divulgada ontem de que a reunião entre Lula e Kirchner seria para "limar as asperezas".