Título: Encontro de empresários beira a desolação
Autor: José Ramos James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Nacional, p. A4

Se os resultados do Encontro Empresarial América do Sul-Mundo Árabe forem calculados pelo clima de sua abertura, ontem, não se pode esperar impulso no comércio e nos investimentos de lado a lado. O evento, que seguirá em paralelo à também amornada reunião de chefes de Estado e de governo, que começa hoje, foi aberto na manhã de ontem com discursos insossos de sete autoridades, acomodadas em um palco franciscano, e com uma platéia desoladora. No auditório com 3 mil lugares do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, sobraram cerca de 2.500 poltronas. Para o evento, concebido como a grande oportunidade para resultados práticos, estavam inscritos 1.200 empresários sul-americanos e árabes. A metade deles, brasileiros. Contando assessores de autoridades, membros de comitivas oficiais e demais interessados, esperava-se uma platéia mais volumosa no auditório principal do centro de convenções.

O mesmo local será hoje o cenário da abertura do encontro político. No palco, foram dispostas duas fileiras de mesas para abrigar os representantes dos 34 países. Ontem, com apenas oito autoridades, parecia mais o palco de uma convenção de frades menores, não fosse o imenso painel com o nome e o símbolo do evento. Do lado esquerdo, o púlpito foi bastante apropriado ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que mede quase 2 metros. Mas a ministra das Relações Exteriores do Paraguai, Leila Rachid, teve de voltar à mesa depois de constatar que ficaria encoberta.

"Vou falar daqui mesmo porque esse maravilhoso púlpito foi feito para gente como o Luiz Fernando", desculpou-se.

O encontro empresarial foi aberto pelo secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que não foi além de constatar a colaboração da imigração árabe no Brasil. O otimista Furlan também seguiu um discurso morno, no qual destacou que, em três anos, a corrente de comércio do Brasil com os países árabes deve alcançar US$ 15 bilhões e que há boas oportunidades de elevar as exportações brasileiras de frango e dos bens vinculados a obras de infra-estrutura e para o turismo.