Título: Comércio com países árabes pode dobrar em 3 anos, prevê Furlan
Autor: José Ramos James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Nacional, p. A4

O Brasil pode praticamente dobrar o comércio com os países árabes nos próximos três anos, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Ontem, na abertura do Seminário Empresarial da Cúpula América do Sul e Países Árabes, ele previu que a soma das importações e exportações do Brasil com os árabes deve subir dos atuais US$ 8 bilhões para US$ 15 bilhões, com disposição dos empresários dos dois lados. Para o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antônio Sarkis Jr., a meta é factível. Ele acredita que as exportações do Brasil para a região podem passar de US$ 4 bilhões para US$ 7 bilhões até 2007. Este ano o crescimento das vendas brasileiras, projetado em 13%, já atingiu 18%.

As principais oportunidades de exportação, segundo Furlan, estão nas áreas de turismo e engenharia, incluindo equipamentos e projetos. Ele anunciou para breve a criação de rotas aéreas entre as duas regiões. Sarkis completou a lista de vendas com máquinas agrícolas, veículos, vestuário, calçados, móveis e equipamentos médico-hospitalares. E explicou que o potencial de comércio é muito grande, pois os árabes importam US$ 240 bilhões anuais de todo o mundo.

O empresário também acha possível o Brasil aumentar importações para manter o equilíbrio comercial. Hoje petróleo e derivados dominam as importações brasileiras. Mas, avalia Sarkis, quando o Brasil for auto-suficiente em petróleo, pode compensar aumentando outras compras, como alimentos e fosfato para fertilizantes.

Secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes contou que vai reunir-se com autoridades argelinas porque a Argélia é um dos países para o qual o Brasil tem especial interesse em aumentar as vendas. Ele informou que as exportações vêm crescendo desde 2003, mas ainda há forte desequilíbrio na balança comercial em favor da Argélia.

Ele discordou da avaliação de jornalistas de que o seminário foi frustrante por ter menos empresários do que se esperava. E contou que haverá reuniões empresariais também em São Paulo e no Rio.

GOLFO

O secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo, Abdul Rahman Bin Hamad, disse que espera, ainda na cúpula, a assinatura de acordos comerciais entre os países do Golfo e Mercosul. Para ele, o relacionamento econômico entre as duas regiões não reflete oportunidades existentes. "Por isso é bom o estabelecimento de programas comuns."

O ministro do Petróleo da Argélia, Hachemi Djaaboub, incentivou os empresários do Mercosul a investirem. "Os países árabes oferecem oportunidade de mão-de-obra, competitividade e empreendedores ativos", disse Djaaboub, que representa o Conselho Econômico e Social da Liga Árabe.