Título: PF apreende armas de delegação iraquiana
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Nacional, p. A4

Na primeira viagem oficial para fora do Oriente Médio, o presidente do Iraque, Jalal Talabani, de 72 anos, passou ontem por um constrangimento no desembarque em Brasília. Policiais federais apreenderam as armas da segurança pessoal de Talabani, que não tinha autorização de porte de armamento no País. Os agentes iraquianos não gostaram da atitude dos policiais brasileiros e começaram a gritar. Talabani chegou a presenciar um bate-boca. Meia hora depois, os iraquianos foram convencidos a entregar as armas, que até o fim da tarde ainda estavam recolhidas na Divisão de Segurança de Signatários da Polícia Federal. A viagem do líder iraquiano a Brasília é a segunda desde que foi eleito mês passado pela Assembléia Nacional. Talabani esteve no sábado na Jordânia.

Por meio da assessoria, a PF informou que a delegação do Iraque foi a única entre as 33 que participam da cúpula que não entregou formulários de porte provisório de armas. O documento permite que segurança estrangeiro atue no Brasil. A PF esperava na tarde de ontem a entrega dos formulários para expedir o porte aos seguranças e devolver o armamento.

Os problemas de Talabani não acabaram no aeroporto. O Itamaraty reservou quartos em tradicional hotel no centro da cidade para o presidente e sua delegação. Talabani confidenciou a assessores que não gostou das instalações do hotel, que cobra R$ 2.127 pela diária da suíte presidencial. Na semana passada, representantes do Iêmen exigiram que o Itamaraty os transferisse de lá para outro hotel.

O presidente do Iraque conta com um dos mais fortes esquemas de segurança. Pelo menos dois agentes do governo americano atuam na proteção de Talabani.

Soldados do Exército e homens do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar de Brasília foram espalhados na área do hotel onde Talabani está hospedado. Até cães rottweilers ajudaram na vistoria dos veículos que entravam nos estacionamentos.

LIMITES

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix, e o coordenador da segurança da Cúpula América do Sul Países Árabes, general Orlando Pamplano, tentaram amenizar o incidente com os iraquianos. Os dois lembraram que há um limite no número de armas e equipamentos para os agentes e se alguém tenta ultrapassar esses limites é vetado.