Título: 'É uma opinião respeitável'
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Nacional, p. A8

O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, disse ontem que não é demissionário. "Não manifestei nem tenho interesse em deixar o cargo", disse, ao chegar para uma palestra na Fiesp. "Tenho interesse é em ajudar o governo e o presidente até a hora em que o presidente julgar isso necessário." Aldo disse desconhecer as declarações do ministro Luiz Gushiken, de que o PT devia assumir a articulação política. Mas respondeu: "É uma opinião respeitável. Não só a do PT como a de qualquer outro partido que deseja exercer função ministerial." Ele assegurou que não se sente desconfortável em continuar no cargo mesmo cotado para sair. "A função ministerial é uma função do presidente e, portanto, cabe ao presidente, e a mais ninguém, decidir a composição de seu ministério."

Ele riu quando lhe perguntaram se se sentia como o técnico do Corinthians, Daniel Passarella, que enfrenta crise após a goleada do São Paulo domingo: "Não. Não levei nenhuma goleada."

Ao lado dele, também na Fiesp, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que as tensões na base aliada acontecem porque não há clara definição de coalizão e de modelo de articulação. "É preciso ter um modelo claro de coordenação e uma coalizão que precisa ser aperfeiçoada no dia-a-dia. Quando tivermos isto claro, as tensões diminuirão."

Ao ser lembrado de que falava isso ao lado do encarregado da articulação, Renan elogiou Aldo. "O ministro sem dúvida demonstrou muita isenção. É um dos melhores quadros do governo, com isenção para administrar as relações entre os partidos."

Renan disse ser fundamental uma coalizão ser administrada por alguém e neutro e isento, numa clara defesa de que o processo não deve ser conduzido pelo PT. "Não se pode colocar alguém de um partido para administrar conflitos entre sua sigla e as outras. "Como pôr para administrar a coalizão, vamos imaginar de PT e PMDB, alguém do PT, comprometido com os interesses do partido? Como essa pessoa vai administrar o conflito de interesses naturais entre os partidos, característicos da própria coalizão?"