Título: 46% dos britânicos querem saída de Blair
Autor: DPA Reuters e AP
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Internacional, p. A13

Quarenta e seis porcento dos britânicos querem que o primeiro-ministro Tony Blair deixe o cargo até maio de 2006, indicou uma pesquisa divulgada ontem pelo jornal The Daily Telegraph, quatro dias depois de o Partido Trabalhista vencer as eleições para um terceiro mandato consecutivo, mas perdendo um grande número de cadeiras no Parlamento. A perda está sendo atribuída ao envolvimento da Grã-Bretanha na invasão ao Iraque. Ainda segundo a pesquisa, 26% dos britânicos querem que Blair deixe a chefia do governo em dois ou três anos. A posição de Blair é mais sólida entre os seguidores de seu Partido Trabalhista: apenas 17% deles pedem sua renúncia em um prazo maior de um ano. O ministro das Finanças, Gordon Brown, é o preferido de 52% dos eleitores trabalhistas como sucessor de Blair.

O deputado trabalhista John Austin reacendeu ontem o debate sobre a conveniência de Blair continuar como primeiro-ministro ao declarar que poderia candidatar-se para a chefia de governo. Austin disse que não tem esperança de derrotar Blair, mas assegurou que uma votação poderia destacar a magnitude da insatisfação da população se Blair não se demitir antes de outubro.

A imprensa britânica lembrou ontem que a rebelião contra Margaret Thatcher começou em 1989 quando um deputado conservador a enfrentou. O jornal The Independent assegura que os ministros querem dar a Blair um ultimato: deve abandonar o cargo antes do próximo congresso trabalhista, dentro de um ano e meio.

No entanto, Blair rejeitou ontem por meio de seus assessores as pressões por uma rápida demissão. Alastair Campbell, estreito assessor do primeiro-ministro afirmou que é "totalmente adequado" que Blair deseje completar o mandato. "Aqueles que hoje o rejeitam o estão fazendo prematuramente", advertiu.

Ainda ontem, o líder protestante moderado da Irlanda do Norte David Trimble culpou o Exército Republicano Irlandês (IRA) e Blair pelo final de sua carreira política. Trimble anunciou no sábado sua saída da política depois que seu Partido Unionista do Ulster (UUP) perdeu quatro de suas cinco cadeiras na Câmara dos Comuns. Em declaração à imprensa, Trimble defendeu sua habitualmente polêmica política de busca de um diálogo interpartidário na Irlanda do Norte.

REALEZA

Uma professora assegurou ontem que lhe ordenaram elaborar parte do projeto de arte do príncipe Harry durante declarações a um tribunal trabalhista. Sarah Forsyth, de 30 anos, disse que foi demitida em 16 de junho de 2003 do Eton College - um dos colégios mais prestigiosos da Grã-Bretanha - depois que Ian Burke, então titular do departamento de artes da escola, a obrigou a contribuir com material escrito que Harry acrescentou a suas pinturas para um exame de arte.

Harry, de 20 anos, filho do príncipe Charles e da princesa Diana, obteve uma nota B em arte em seus exames finais. Esta pontuação ajudou o príncipe a ser admitido na Sandhurst, academia de treinamento de oficiais do Exército, que ele começou a freqüentar ontem. Em uma declaração lida ontem no tribunal, Forsyth, que quer uma indenização de US$ 18 mil, disse que ela redigiu quase todo o texto do projeto de arte que Harry apresentou. O colégio e a família real negam as acusações.