Título: Tasso e Mercadante trocam acusações durante o Fórum
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Economia, p. B1

Um inesperado debate parlamentar transferiu ontem o ambiente de confronto entre governo e oposição de Brasília para a sessão de abertura do 17.º Fórum Nacional, no Rio. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) acusou o governo de priorizar a reeleição do presidente Lula e, com isso, parar o Congresso, além de ser ineficiente e fazer uma "reforma administrativa às avessas", contratando funcionários. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), reagiu acusando os oposicionistas de apostarem no confronto e pediu diálogo para aprovar projetos de interesse do País. "Tira o Jucá que você resolve isso!", interrompeu Tasso, durante um dos pronunciamentos de Mercadante, referindo-se ao ministro da Previdência, Romero Jucá, filiado ao PMDB e acusado de irregularidades.

O ambiente de debate parlamentar, com réplica e tréplica, começou na exposição de Mercadante sobre a agenda do Congresso. Ele criticou o governo anterior, dizendo, entre outras coisas, que a carga tributária, na atual administração, chegou a 16,04% do Produto Interno Bruto, contra 16,34% em 2002, último do presidente Fernando Henrique. Também criticou a "inflação herdada" da administração anterior, nos contratos indexados das empresas privatizadas, atribuindo o problema à "precariedade do marco regulatório". Elogiou também o regime de metas de inflação. "Estamos deflacionando o País", disse.

Na vez da sua exposição, Tasso foi duro. Afirmou que em 2003 e no início de 2004, o governo Lula teve o foco correto da articulação política, priorizando a aprovação de projetos e reformas de interesse do País, o que, aliado às reformas feitas na administração anterior e ao cenário internacional "formidavelmente bom", levou o País a crescer na economia. "Não perdurou esse clima", lamentou. O senador tucano acusou o governo de afrouxar na questão fiscal, administrando com 35 ministérios, contratando 40 mil funcionários, aparelhando a máquina pública com militantes - gerando uma "paralisia gigantesca"- e fazendo um "gasto enorme" na área social.

"Este governo tem tendência a confundir e achar que o gasto social, por estar nessa rubrica, é bom", disse. "Não é verdade. Mal-feito, é tão ruim quanto qualquer gasto mal-feito." Segundo ele, em 2005, o governo "perdeu definitivamente o foco", passando a priorizar as alianças políticas para o ano que vem. "Por isso o Congresso está parado", acusou.

Inconformado, Mercadante pediu uma réplica de dois minutos. "Imaginei que no Fórum Nacional o foco fosse menos o debate político-partidário eleitoral", disse. Ele chegou a dizer que o governo não aumentara gastos com pessoal, mas foi interrompido por Tasso. "Não falei isso, não", disse o parlamentar cearense. Mercadante insistiu e disse que, no governo anterior, foram cortados cargos comissionados e não foram abertos concursos para algumas carreiras de servidores, impulsionando a terceirização.