Título: Meirelles diz que BC foi envolvido em guerra política
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2005, Economia, p. B3

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, aponta que a instituição está "envolvida na guerra política" entre partidos de oposição ao governo. O líder do PFL na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), anunciou que vai entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal e uma notícia crime no Ministério Público contra Meirelles, por não ter comparecido ao Congresso para prestar contas sobre sua política, como prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quanto ao inquérito sobre as denúncias de crime eleitoral, sonegação fiscal e remessas ilegais de divisas, Meirelles, que ontem participou de uma reunião na Basiléia, afirmou estar tranqüilo. "Tenho uma vida transparente."

Segundo Maia, Meirelles deveria ter se apresentado à Câmara há 20 dias e que não teria ido por causa das denúncias contra ele. O presidente do BC, porém, garante: "Estou disposto a comparecer ao Congresso, como já fiz em outras ocasiões."

A ida de Meirelles à Câmara estava marcada para 26 de abril, mas foi cancelada por causa da viagem do presidente do BC à Colômbia. Mas, para Meirelles, o caso vai além de uma mera questão de agenda. "É lamentável que se use o BC como um instrumento da guerra política. Entendo muito bem a questão política em que está envolvido o deputado (Rodrigo Maia) em relação ao governo e à situação. Mas é lamentável que se envolva o Banco Central nisso. O banco tem uma função importante para o País e é de interesse de todos que deva prevalecer sobre interesses partidários", explicou.

Meirelles garante que a iniciativa de Maia não afetará "em nada" o BC. "Cumprimos a Lei de Responsabilidade Fiscal", disse. "Apenas lamento que envolvam o BC numa luta política", completou, lembrando que o processo será respondido pelo Departamento Jurídico do BC.

Meirelles, porém, prefere evitar fazer comentários políticos sobre as acusações criminais existentes contra ele. Questionado como avaliava a abertura de um inquérito, Meirelles respondeu: "Estou com toda a serenidade e tranqüilidade de quem sempre pautou toda sua vida pelo respeito à lei e à ética. Tenho uma vida transparente e vejo todo tipo de avaliação como positiva."